Um estudo chinês publicado na Science Advances despertou um alerta acerca de pessoas com altos níveis de açúcar no sangue, sobretudo diabéticas. O documento indica que o novo coronavírus provoca uma reação imunológica e desencadeia uma “tempestade de citocinas” capaz de levar à morte.
Segundo a pesquisa, a ação descontrolada das substâncias atinge os pulmões e causa inflamações, podendo resultar na falência de órgãos. Essa resposta não é específica da covid-19 e pode acontecer em decorrência até mesmo de gripes sazonais, como a Influenza A.
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Foi infectando camundongos e seres humanos com o vírus da Influenza A que os pesquisadores observaram a cadeia de eventos celulares resultantes da gripe. A infecção faz com que ocorra uma elevação do metabolismo da glicose, um dos açúcares presentes no corpo humano e responsável direto pela quantidade mortal de citocinas.
Efeito em diabéticos
A hipótese levantada pelos pesquisadores chineses poderia explicar por que os diabéticos fazem parte do grupo de risco para a covid-19. Com a coleta sanguínea de cidadãos saudáveis de Wuhan, na China, constatou-se que pessoas com altos níveis de glicose no sangue tendem a ter reações imunológicas mais exageradas que o restante da população. Isso fez com que a equipe acreditasse em uma ligação nas reações geradas por Influenza A e covid-19.
Grupos de risco: diabéticos, asmáticos e hipertensos correm mais riscos com coronavírus
Em pesquisas anteriores, os cientistas chineses perceberam que, em pessoas infectadas pela Influenza A com nível elevado de glicose, uma enzima chamada OGT se liga ao interferon 5 (ITRF5) e o modifica geneticamente. O ITRF5 é um fator regulador do corpo humano que aumenta a produção de citocinas em uma infecção.
Contendo a tempestade
A ligação da OGT no ITRF5 também é conhecida como glicosilação. Esse processo desencadeia outra reação química, chamada ubiquitinação, responsável por causar inflamações nas citocinas. Durante as pesquisas, os cientistas chineses administraram doses de glucosamina em camundongos infectados pelo vírus da gripe, um açúcar que inicia uma série de reações químicas no metabolismo da glicose e leva ao aumento da produção de citocinas.
Interferindo no processo de contaminação da OGT no ITRF5, os pesquisadores acreditam ter achado a solução para impedir essa reação imunológica desenfreada. Nos ratos geneticamente modificados incapazes de produzir a OGT, o recebimento de glucosamina não despertou grandes reações das citocinas.
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O coautor da pesquisa e membro do Instituto de Virologia do Hospital Universitário de Essen, Mengji Lu, acredita que a utilização de inibidores químicos pode ajudar no combate à covid-19. Segundo Lu, o uso de antivirais e inibidores metabólicos durante os tratamentos pode ser uma saída para suprimir as ações do vírus e inibir reações imunológicas excessivas ao mesmo tempo.
Controle de açúcar em diabéticos
Apesar de fazerem parte do grupo de risco para a covid-19, uma pesquisa da Universidade de Wuhan deu notícias animadoras para as pessoas com diabetes. O artigo demonstrou que o controle eficaz dos níveis de glicose no sangue de pacientes com a doença crônica se mostrou efetivo na luta contra o novo coronavírus.
Após analisarem 952 diabéticos tipo 2 em 19 hospitais chineses, os pesquisadores perceberam que aqueles com índices de açúcar mais controlado responderam melhor ao tratamento contra a covid-19. Em comunicado, o cientista Hongliang Li, um dos membros do estudo, destacou a importância dos cuidados redobrados para a população que é acometida por esse tipo de doença. Com mais de 500 milhões de casos de diabetes tipo 2 no mundo, é importante que exista um controle rigoroso da quantidade de açúcar no sangue em casos de infecção pelo novo vírus.
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Fontes: Scientific American, Science Advances, Associação Americana de Diabetes.