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A demência está se tornando uma realidade cada vez mais concreta, apresentando dados alarmantes para as organizações de saúde. A condição esteve entre as sete maiores causas de morte em 2019, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é considerada uma questão de saúde pública, tendo em vista que atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo, podendo chegar a 139 milhões até 2050.
Confira como a condição funciona e quais são as ações indicadas pela OMS para conter a progressão global.
Como funciona a demência?
Considerada um termo “guarda-chuva” para uma série de doenças neurodegenerativas, a demência é uma síndrome que leva à deterioração das funções cognitivas e comportamentais da pessoa, afetando a sua rotina e as suas relações.
Ela impacta três fatores humanos, sendo eles:
- memória — acontecem esquecimentos corriqueiros ou mais graves, como o não reconhecimento de familiares e amigos ou até da própria identidade;
- comportamento — agitação, alterações na personalidade ou perda da inibição social são algumas das mudanças observadas;
- habilidades — o paciente pode apresentar dificuldades para dirigir, se vestir, cozinhar, além de outras atividades.
Entre os fatores de risco, está a falta de exercícios físicos e estimulantes ao cérebro, o uso prolongado de remédios para hipertensão e diuréticos, além da depressão, deficiência de vitamina B12, doenças vasculares e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
O Alzheimer é a forma mais comum da condição, que também pode levar a outras doenças, como a demência vascular, com corpos de Lewy e frontotemporal. Apesar de essas doenças não terem cura, existem tratamentos que ajudam a conter o avanço delas, conferindo maior qualidade de vida às pessoas.
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Por que os casos podem triplicar no Brasil?
O envelhecimento da população mundial e o aumento dos fatores de risco são alguns dos motivos para a estimativa de aumento nos casos no mundo e, inclusive, no Brasil, que deve pular de pouco menos de 2 milhões de casos para quase 6 milhões até 2050.
Em relatório atualizado em 2020 por especialistas da comissão para prevenção, intervenção e assistência à demência do periódico The Lancet, 12 fatores foram elencados como potenciais para desenvolvimento da demência, sendo divididos por idade:
- pacientes abaixo de 45 anos — baixo nível de escolaridade;
- entre 45 anos e 65 anos — perda auditiva, lesão cerebral traumática, hipertensão, alcoolismo e obesidade;
- acima dos 65 anos — tabagismo, depressão, isolamento social, inatividade física, diabete e poluição.
No cenário brasileiro, problemas de saúde pública e a falta de informação são motivações para o diagnóstico tardio e a pouca prevenção. Organizações destacam a importância da atuação governamental a respeito da conscientização e da prevenção.
Como os governos podem atuar na conscientização?
Segundo a OMS, cerca de 60% dos pacientes com demência são de países de baixa e média rendas (como Angola, Equador e Vietnã). Ainda, a expectativa é que a maioria dos novos casos ocorra nesses países.
Apesar da importância dos planos governamentais, dos 194 Estados membros da OMS que se comprometeram com o plano de ação global desenvolvido pelo órgão em 2017, apenas 39 cumprem com as medidas.
Para conter o avanço da demência no mundo, a OMS elenca sete áreas de atuação:
- classificar a demência como uma prioridade na saúde pública;
- criar campanhas de conscientização;
- reduzir os riscos;
- implementar ações para diagnóstico precoce, tratamento e apoio aos pacientes e às respectivas famílias;
- criar grupos de apoio para cuidadores;
- desenvolver sistemas de informação sobre as doenças;
- investir em pesquisas e inovações para a área.
Com a atuação conjunta e a implementação do plano de ação pelo governo, o cenário pode ser amenizado. Para isso, esforços e investimentos devem ser concentrados em educar a população, instituir ações de prevenção e de diagnóstico precoce, oferecendo tratamentos para aumentar a longevidade e a qualidade de vida.
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Fonte: Drauzio Varella, Doutor Cérebro, World Health Organization, The Lancet, CNN Brasil