Diversos Estados do Brasil vêm registrando um movimento denominado como “interiorização do coronavírus”. A chegada da covid-19 às pequenas cidades tem escancarado os problemas do sistema de saúde brasileiro e levantado preocupações da comunidade médica quanto ao progresso do vírus.
Além da falta de estrutura e preparação para o combate à pandemia, muitas regiões enfrentam escassez de equipamentos ou profissionais para o atendimento emergencial da covid-19.
A rápida propagação da doença no território brasileiro tem gerado consequências severas nos atendimentos médicos dos estados. No começo de maio, a Confederação Nacional de Saúde já alertava que seis unidades da Federação apresentavam colapso na rede privada de unidades de tratamento intensivo (UTIs).
Beirando a marca de 1 milhão de casos da infecção por Sars-CoV-2, o Brasil encontra-se em segundo lugar na lista de países mais afetados pela pandemia e tem demonstrado curvas de contaminação cada vez mais expressivas.
Hospitais do interior registram aumento no número de mortes
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seis estados do Brasil já registram mais mortes nos municípios do interior do que em suas capitais: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
O destaque fica para o estado de Santa Catarina, onde 91% dos óbitos pelo novo coronavírus ocorreram fora da cidade de Florianópolis. A taxa de mortalidade pela doença se manteve em apenas 1% na capital catarinense.
Com o vírus atingindo regiões afastadas das metrópoles, estados como o Pará tiveram que recorrer a montagem de hospitais de campanha no interior. O governo paraense contratou 130 profissionais para a criação de três centros de atendimento nas cidades de Marabá, Santarém e Breves.
Em São Paulo, estado com o maior número de casos no Brasil, a Secretaria Estadual da Saúde anunciou que sete em cada dez novos casos da doença ocorrem na região metropolitana da capital e em municípios do interior.
Cidades como Sorocaba e Campinas apresentavam índices altíssimos de ocupação das UTIs, segundo o comunicado emitido pelo secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. De acordo com ele, 74% dos leitos de Campinas estavam ocupados, enquanto a taxa de Sorocaba chegava a 83%.
Ambas as cidades apresentavam crescimento de mais de 100% nos índices de internação durante a primeira semana de junho. Para atender à demanda, o governo de São Paulo destinou 65 novos respiradores para Campinas e 25 para Sorocaba.
Falta de materiais preocupa funcionários de hospitais
Um dos impasses que mais têm afetado os hospitais e centros de atendimento no interior do Brasil é a falta de insumos básicos para o tratamento da doença. Entidades de saúde, como o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), emitiram comunicados sobre a falta de luvas, máscaras e álcool em gel nos estabelecimentos.
De acordo com o presidente do Sindipar, Flaviano Ventorim, as instituições não estavam preparadas para o grande aumento no número de atendimentos no início da pandemia. Ventorim afirmou que os hospitais possuíam estoque para um mês, que logo foi embora nas primeiras semanas do surto da covid-19.
Amazonas
Municípios do estado de Amazonas notificaram problemas com a estruturação das unidades de atendimento no interior da região. Cercados pela Floresta Amazônica, diversas cidades não possuem vias fáceis de acesso aos hospitais de campanha e precisam transferir pacientes para Manaus em aviões.
No início de abril, a cidade de Santo Antônio do Içá registrou o primeiro caso de um índio infectado pela covid-19 no Brasil. Em comunicado à imprensa, o secretário de saúde da região, Francisco Ferreira Azevedo, disse que o local passava até mesmo por escassez de bolsas de sangue para a realização de outros procedimentos.
Rondônia
Alguns trabalhadores do município de Teixeirópolis, no norte do país, apontaram a falta de equipamentos de proteção individual no estado de Rondônia. Segundo os relatos de alguns profissionais de saúde que trabalham na região, uma máscara precisa ter a duração de 24 horas antes de ser descartada.
Órgãos como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam a troca do material de proteção a cada quatro horas.
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Fontes: Governo do Pará e Agência Brasil.