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OMS declara pandemia de coronavírus: o que muda agora?

Na última quarta-feira (11), a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou a classificação do novo coronavírus de epidemia para pandemia. Na coletiva de imprensa anterior, realizada na segunda-feira (09), já havia mais de 110 mil casos confirmados e transmissão local em 61 países, e diversos veículos questionaram o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, sobre a definição, suscitando debates sobre as diferenças entre os dois termos no mundo inteiro. O coronavírus já não deveria ter sido considerado uma pandemia há mais tempo?

Para efeito de comparação, a epidemia de H1N1 mudou de classificação apenas dois meses após o seu início, quando havia 30 mil casos confirmados e transmissão local em 74 países, em um cenário aparentemente menos grave do que o atual.

Mas o raciocínio por trás dessa cautela da OMS em mudar a classificação é mais complicado do que parece, envolvendo uma definição pouco exata de cada termo e as consequências práticas que a adoção de um ou outro podem acarretar.

(Fonte: National Institutes of Health (NIH)/Divulgação)

Quais são as diferenças entre surto, epidemia e pandemia?

Como analisa o jornal alemão Deutsche Welle, os termos epidemia e pandemia assustam e remetem a um cenário desolador, com hospitais lotados, pessoas usando máscara e mortes todos os dias.

Contudo, a reportagem também pondera que as “associações são compreensíveis, mas inicialmente não têm nada a ver com a definição dos termos”. É importante ressaltar que epidemia e pandemia não são escalas de gravidade ou perigo, mas sim de quanto uma doença se espalha em um curto espaço de tempo.

Surto é o surgimento repentino de uma doença, em momento e local específicos, com uma frequência mais alta que a normal. Quando os primeiros casos do novo coronavírus surgiram na região de Wuhan, na China, e se tornaram notícia, tratava-se de um surto.

Epidemia é o segundo estágio, quando um surto afeta uma grande região ou um país inteiro. A Itália, que registrou casos em todo o território e colocou os habitantes sob quarentena, está vivendo uma epidemia. Contudo, não existe uma definição exata do número de casos ou do tamanho da área afetada para que se classifique uma doença como epidemia.

No estágio da pandemia, o problema já se espalhou pelo mundo todo, com transmissão sustentada de novos casos em diferentes localidades. Esse é o argumento de quem defendia a mudança de classificação pela OMS: o Covid-19 já está sendo transmitido localmente em dezenas de países há algumas semanas.

É interessante observar que também existem as endemias, que definem as doenças que afetam muitas pessoas, em diversas regiões, mas cujo número de pacientes permanece relativamente estável, com possíveis variações sazonais. É o caso da malária, que gera 300 milhões de casos todos os anos.

(Fonte: Estadão/Reprodução)

Por que a OMS demorou para mudar a classificação?

Enquanto o Covid-19 era considerado uma epidemia (doença de um local específico), os esforços eram concentrados em controlar o avanço do vírus e evitar novos casos. Nessa classificação, outros governos fecharam suas fronteiras para os países afetados e enviaram ajuda, com o objetivo de evitar que a doença chegasse ao seu território.

No caso de uma pandemia, admite-se que a transmissão está fora de controle e passa-se a mitigar o problema dentro das fronteiras de cada país. O maior temor da OMS é que as autoridades governamentais mudem a forma como estão lidando com o problema, por isso os representantes da organização foram categóricos em dizer que as nações ainda devem adotar medidas para evitar o avanço do vírus, como restrições de circulação; já as ações de mitigação são indicadas para os territórios com maior número de casos.

Segundo Adhanom, “Seria um erro neste momento abandonar as estratégias de contenção. Isso tem de ser um pilar principal”.

Fontes: Estadão, Vox, Deutsche Welle.

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