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Qual é a melhor estratégia de imunização contra o coronavírus?

O início da aplicação da vacina contra a covid-19 em todo o mundo aumentou a esperança de ver a pandemia por coronavírus chegar ao fim. No entanto, o número insuficiente de doses para toda a população tem levantado um debate sobre qual é a estratégia de imunização mais eficaz para combater a doença.

A escolha da abordagem ideal depende do objetivo: reduzir a mortalidade ou reduzir a pressão sobre o sistema de saúde? A priorização ideal também depende das características da vacina, em particular de sua eficácia contra a infecção e, portanto, a transmissão subsequente.

Matemática contra o coronavírus

A construção de modelos matemáticos está sendo muito útil para orientar autoridades públicas em meio à pandemia. No entanto, diferentemente do acompanhamento do número de novos casos e da mortalidade em cada região, a adoção de uma estratégia de vacinação requer cálculos mais complicados.

As fórmulas consideram uma série de aspectos da vida humana e suas complexas interações, usando dados relacionados à moradia e aos status socioeconômico, hábitos diários, idade e riscos à saúde. Além disso,  levam em conta diferentes características dos imunizantes, técnica utilizada, eficácia contra diversas cepas do vírus e, ainda, a quantidade de doses aplicadas e o intervalo entre elas.

Entretanto, mesmo que um modelo matemático sugira o caminho mais eficaz, ele não fornece todas as respostas de que as autoridades de saúde pública precisam: existem algumas decisões de valor difíceis decorrentes dos suprimentos limitados da vacina.

Imunização de população economicamente ativa

Indonésia resolveu imunizar adultos até 59 anos para tentar quebrar a cadeia de transmissão da covid-19. (Fonte: Shutterstock/Ida Sufaidah/Reprodução)

A Indonésia decidiu imunizar primeiro os trabalhadores com idades entre 18 e 59 anos, pois as autoridades do país asiático acreditam que essa estratégia ajudará a diminuir a velocidade de propagação do vírus. Os indonésios estão aplicando a Coronavac, mesmo imunizante que o Instituto Butantã está fornecendo ao Ministério da Saúde brasileiro.

Entre os principais argumentos, as autoridades indonésias afirmam que o imunizante foi testado apenas nesse público no país e, assim, não seria seguro aplicar em idosos sem o devido estudo científico. Além disso, imunizar o público que está mais em circulação seria uma forma de quebrar mais rapidamente a cadeia de transmissão e alcançar a imunidade coletiva.

Contudo, estudos científicos preliminares apontam que pessoas imunizadas podem continuar a transmitir o vírus, apesar de as vacinas serem capazes de impedir infecções mais graves com eficiência. Se isso se confirmar, a estratégia adotada pelos indonésios pode se tornar ineficaz.

Vacina para grupos de risco

Vacinação de grupos de risco pode reduzir pressão nos sistemas de saúde. (Fonte: Shutterstock/Melinda Nagy/Reprodução)

Como a morbidade e a mortalidade por covid-19 são desproporcionalmente altas em alguns grupos, uma abordagem potencial é vacinar aqueles que estão em maior risco de desenvolver a forma grave da doença, que exige tratamento hospitalar, o que pode incluir pessoas mais velhas em condições saudáveis.

Dessa forma, a maioria dos países optou por priorizar populações mais vulneráveis ao vírus, como profissionais de saúde, idosos e membros do grupo de risco, abordagem que também está sendo adotada no Brasil. A estratégia pretende reduzir substancialmente o número de mortes e a pressão sobre o sistema de saúde, mesmo que a transmissão viral continue na população.

Mas dificuldades logísticas, entre outras questões, podem colocar essa abordagem em xeque. Isso porque as mutações do Sars-CoV-2 podem surgir da rápida transmissão da covid-19 entre pessoas jovens, enquanto o ritmo de imunização segue lento. Assim, as vacinas podem se tornar ineficazes para novas cepas do coronavírus.

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Fontes: European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), National Public Radio (NPC), Smithsonian Maganize, Comissão Europeia, France Info, Science Magazine.

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