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Vírus de 15 mil anos são descobertos em geleira no Tibete

Cientistas realizaram uma descoberta recente na China, mais especificamente em Guliya, no noroeste do Tibete, onde coletaram amostras do gelo mais antigo do mundo e descobriram 28 grupos de vírus congelados há pelo menos 15 mil anos.

Segundo o estudo publicado na plataforma de artigos científicos bioRxiv, que divulga pesquisas em fase de pré-divulgação, o material encontrado pode ajudar a entender o impacto de cada tipo de vírus em seus hospedeiros antes do congelamento.

Por meio da amostra, pesquisadores poderão descobrir também questões referentes a interações microbianas e virais, bem como a evolução desses seres. “A geleira abriga diversos micróbios, mas os vírus e seus impactos nos microbiomas de gelo ainda são inexplorados”, escreveram os autores do artigo.

Procurados pela revista norte-americana Vice, os cientistas não comentaram mais detalhes sobre a pesquisa, que ainda está sob análise de seus pares, mas um dos coautores, Lonnie Thompson, explicou por email que se trata de uma empolgante e nova área de pesquisa para ele e seus colegas.

Derretimento das geleiras

(Fonte: Pexels)

Embora o estudo tenha trazido boas expectativas para a ciência, uma questão incomodou os pesquisadores e foi registrada no estudo: o derretimento das geleiras pode, segundo os cientistas, trazer de volta vírus causadores de doenças.

“Na melhor das hipóteses, o problema levaria à perda de arquivos microbianos e virais que poderiam trazer informações sobre os regimes climáticos anteriores da Terra”, aponta o conteúdo. “Mas, na pior das hipóteses, o derretimento do gelo liberaria patógenos no ambiente”, analisou a equipe composta por dez cientistas.

Um estudo divulgado pela Proceedings of the National Academy of Sciences, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, mostra, por exemplo, que o gelo na Antártida, uma das regiões em que mais se nota o fenômeno, derreteu seis vezes mais rápido do que nos anos 1980 — e isso inclui as áreas que sempre pareceram bem estáveis e resistentes à mudanças climáticas.

O medo tem não apenas base teórica mas também empírica. Em 2014, um vírus gigante de aproximadamente 33 mil anos “ressuscitou” na Sibéria depois de ser descongelado. A criatura era maior do que muitas bactérias e altamente infecciosa.

Como foi feita a análise?

(Fonte: Pexels)

Em 2015, o grupo perfurou 50 metros na geleira para obter dois núcleos de gelo. Depois de passar por procedimentos de descontaminação, o material foi submetido a análises para a averiguação da presença de micróbios. O time trabalhou em uma sala com temperatura de -5°C no intuito de acessar a parte interna dos núcleos de gelo e, quando alcançaram uma camada não contaminada das amostras, iniciaram as avaliações.

A equipe encontrou informações genéticas pertencentes a 33 vírus; desses, 27 são totalmente inéditos para a ciência e, além de chamarem atenção de cientistas do mundo todo, converteram-se em um alerta sobre os riscos das mudanças climáticas associadas ao derretimento das geleiras.

Fontes: NBC News, Science Alert, New York Post, Live Science, Fox News, Vice, Newsweek, Nature.

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