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Você pode já ter ouvido que quadros alérgicos e autoimunes são “psicossomáticos”. Essa expressão própria do senso comum costuma falar de como os estímulos do ambiente são capazes de desencadear certos fenômenos no corpo. Mas, afinal, as experiências podem fazer isso? Elas conseguem mudar o genoma humano? Como essa interação ocorre?
Entender mais do assunto é a missão da epigenética, que tem ganhado mais atenção de pesquisadores. Veja como a epigenética é capaz de expressar certos genes em detrimento de outros a partir das vivências de cada indivíduo.
Entenda o que é a epigenética
A epigenética é um campo de pesquisa que investiga como os estímulos ambientais podem ativar determinados genes e silenciar outros. Ela permite entender como a experiência é capaz de operar transformações profundas no organismo, mesmo que isso signifique destacar o DNA e não implique em mudar o genoma.
Para entender melhor, veja um exemplo: dois irmãos gêmeos univitelinos (com a mesma carga genética) são criados em ambientes separados. Um deles é cercado por cuidados, conforto, afeto e tem atendimento a suas necessidades físicas e emocionais desde a primeira infância.
O outro irmão, porém, é exposto a um ambiente profundamente ansiogênico. Ele vive em um lar violento, em um território exposto a conflitos armados, sem seus cuidados básicos atendidos, como alimentação e higiene. Além disso, não recebe o mesmo afeto que seu irmão, cujo genoma é igual.
Para o corpo humano, o significado desse conjunto de experiências envolve aspectos químicos. O metabolismo de cada um dos irmãos foi afetado de modo diferente, e o corpo não fica indiferente às trocas com o meio. É por isso que elas afetam o epigenoma e tornam o funcionamento do organismo particular.
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Veja como o corpo ativa o epigenoma
O corpo trabalha o epigenoma de modo a ativar no ácido desoxirribonucleico (DNA) as respostas mais interessantes à adaptação no ambiente. As experiências afetam o genoma e levam a marcas que podem ser temporárias ou permanentes, segundo o Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade Harvard.
O ativamento dos genes pode ocorrer por estresse ou problemas nutricionais, por exemplo. Elas atuam como “tatuagens” no DNA, desenhando o modo como as células trabalham e fazem trocas químicas. Isso afeta a fisiologia cerebral e a saúde mental, que se beneficiam de estímulos epigenéticos adequados.
Ainda de acordo com a Universidade Harvard, o cérebro infantil é especialmente sensível a alterações epigenéticas. Isso quer dizer, por exemplo, que o metabolismo da criança submetida a uma situação de violência se prepara para reagir do melhor modo possível às ameaças do meio, deixando marcas definitivas.
As descobertas da epigenética reforçam a importância da saúde infantil para o desenvolvimento não apenas nessa fase da vida, mas na estruturação das saúdes física e mental ao longo da vida. Além disso, demonstram como maus hábitos na alimentação e sedentarismo podem causar problemas severos.
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Fonte: Harvard.