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Índia: pacientes pós-covid-19 são infectados com um fungo raro

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A Índia já ultrapassou, em maio de 2021, a marca de mais de 250 mil mortes em decorrência da pandemia da covid-19, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, a doença provocada pelo novo coronavírus agora também gera outras preocupações entre os médicos.

De acordo com estudos iniciais de especialistas que atuam na região, o país agora encara um aumento de casos de mucormicose, uma infecção por um fungo agressivo que ataca pessoas recém-recuperadas da covid-19.

Doença silenciosa

A Mucorales é uma ordem de fungos com rápido crescimento que está presente normalmente no ambiente, incluindo em frutas e excrementos no solo, além de parasitar animais e plantas. Apesar disso, a infecção e o desenvolvimento de sintomas são considerados raros. 

Entre os indícios da doença estão: febre, dores incômodas na região dos olhos e narinas, além do desenvolvimento de manchas escuras ao redor do nariz. Caso se espalhe mais pelo corpo, o fungo pode afetar a mandíbula, os pulmões e o cérebro, comprometendo as atividades motoras e a respiração.

Mucor mucedo, um dos fungos que pode causar a infecção. (Fonte: Wikimedia Commons)

Como a procura por médicos acaba demorando, muitos pacientes precisam passar por cirurgias extensas para a remoção do tecido infectado na região nasal ou por comprometimentos na visão, sendo que, em casos graves, pode ser exigida a extração cirúrgica de um dos olhos.

Em um hospital da Índia, segundo publicação no jornal The Indian Express, foram feitas 30 cirurgias relacionadas ao fungo em dois meses, sendo que o costume era a realização de no máximo dois pacientes ao ano nessas condições. A taxa de mortalidade da doença é considerada alta, e o tratamento, apesar de eficaz, envolve a aplicação de medicamentos de alto custo.

Estudos necessários

A incidência de mucormicose na Índia já era preocupante: há 80 vezes mais relatos de casos da infecção no país do que no resto do mundo. Segundo o médico Shweta Mallikarjun Revannavar, que também diagnosticou a doença em pacientes, a infecção pelo fungo é facilitada em alguns pacientes pós-covid-19 devido a uma reação em cadeia.

De modo geral, o atual surto de mucormicose atinge principalmente pacientes com diabetes mellitus, além de indivíduos com o sistema imunológico comprometido e que fizeram uso constante de esteroides em um tratamento — como quem passou algumas semanas internado para tratar da covid-19. 

Uma radiografia de paciente infectado, com sinusite causada pelo acúmulo de tecido infectado. (Fonte: BMJ/Reprodução)

Segundo um relato publicado em uma revista científica do National Center for Biotechnology Information, outro agravante é a falta de estudos locais para detalhar e compreender a exata incidência da mucormicose na Índia. Desse modo, a gravidade da situação é sentida somente nos casos de pacientes que fizeram tratamento nos últimos meses.

Desse modo, mais pesquisas são necessárias para compreender o que leva a Índia a ser mais propensa, no geral, a abrigar o fungo, além de encontrar formas de reduzir ou impedir a infecção em pacientes recém-recuperados da covid-19.

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Fonte: Indian Express, BMJ, National Center for Biotechnology Information.

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