PASC: pacientes relatam sequelas da covid-19 após a cura

11 de maio de 2021 4 mins. de leitura
Estudos revelam que pacientes estão sofrendo sequelas a longo prazo conhecidas como covid longa ou PASC

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Os pacientes infectados pelo novo coronavírus que receberam tratamento e foram curados estão relatando sequelas a longo prazo. A nova condição clínica foi batizada por cientistas norte-americanos de Post Acute-Sequelae of Sars-CoV-2 (PASC — Sequelas Agudas Pós-Covid, em tradução livre). A patologia também está sendo nomeada de “covid longa”.

As pessoas com PASC continuam com sintomas da doença mesmo após a cura, como febre, falta de ar, dificuldades para dormir, depressão, ansiedade, fadiga e problemas no estômago ou intestino. 

Segundo uma pesquisa do Office for National Statistics (ONS), realizada na Grã-Bretanha, cerca de 1,1 milhão de pessoas no Reino Unido relataram ter sintomas da doença que persistem mais de quatro semanas após o primeiro episódio de suspeita de contágio pelo novo coronavírus.

Entre as pessoas com “covid longa”, 697 mil tiveram a doença ao menos 12 semanas antes, e cerca de 70 mil relataram ter sido infectadas há um ano. O índice de PASC foi maior nos seguintes casos:

  • pessoas de 35 a 69 anos; 
  • mulheres; 
  • indivíduos que vivem em áreas carentes;
  • trabalhadores da saúde ou assistência social;
  • portadores de doença preexistente.

Quanto tempo podem durar os sintomas prolongados?

Pesquisa mostra que sintomas podem permanecer de 4 a 12 semanas após a contaminação. (Fonte: Freepik)
Pesquisa mostra que sintomas podem permanecer de 4 a 12 semanas após a contaminação. (Fonte: Freepik)

Segundo a pesquisa do Office for National Statistics, foram analisadas amostras de mais de 20 mil participantes do estudo com teste positivo para a covid-19 entre 26 de abril de 2020 e 6 de março de 2021.

Os resultados mostram que 13,7% continuaram a sentir sintomas por pelo menos 12 semanas. Os cientistas descobriram que os sintomas continuam de 4 a 12 semanas após a infecção e não são explicados por um diagnóstico alternativo.

Impactos do PASC em tarefas diárias

De acordo com a pesquisa, pessoas com sintomas prolongados sentiram impactos nas tarefas rotineiras. (Fonte: Escritório de Estatísticas Nacionais)
De acordo com a pesquisa, pessoas com sintomas prolongados sentiram impactos nas tarefas rotineiras. (Fonte: Escritório de Estatísticas Nacionais)

Dos indivíduos que relataram sintomas prolongados, 61,6% experimentaram pelo menos alguma limitação em suas atividades do dia a dia como resultado. Já cerca de 17,9% disseram que as tarefas rotineiras ficaram muito limitadas. 

Um estudo realizado pelo Instituto Karolinska relatou que, entre um grupo de profissionais de saúde que tiveram covid-19 leve, 10% ainda apresentavam pelo menos um sintoma grave o suficiente para afetar o trabalho, casa ou vida social oito meses depois.

Sequelas afetam vários órgãos

Segundo um estudo publicado na Nature Medicine, evidências científicas e clínicas estão evoluindo sobre os efeitos de longo prazo da covid-19, que podem afetar vários sistemas orgânicos. A pesquisa revela impactos nos pulmões, nos rins, no coração, no sistema neurológico, na pele, no estômago e no intestino, por exemplo.

Os cientistas mostram que houve diminuição da capacidade de exercício e da quantidade de oxigênio insuficiente para manter as funções corporais, além de alterações nos pulmões. As palpitações, a falta de ar e a dor no peito também foram sintomas detectados após a contaminação da covid-19 pela pesquisa.

Também foram identificadas anormalidades no sistema neuropsiquiátrico, como fadiga, mialgia, dor de cabeça e comprometimento cognitivo. Segundo a pesquisa, de 30% a 40% dos indivíduos que sobreviveram à doença, tiveram ansiedade, depressão e distúrbio do sono. 

Um estudo feito em 38 hospitais de Michigan, nos Estados Unidos, avaliou os resultados de 1.250 pacientes que receberam alta aos 60 dias, utilizando abstração de prontuário médico e pesquisas por telefone. Durante o período do estudo, 6,7% dos pacientes morreram, enquanto 15,1% necessitaram de cuidados médicos novamente.

Entre os 488 pacientes que completaram a pesquisa por telefone, 32,6% relataram sintomas persistentes, incluindo 18,9% com sintomas novos ou agravados. A falta de ar ao subir escadas foi sentida por 22,9%, mais comumente relatada, enquanto outros sintomas incluíram tosse, com 15,4%, e perda persistente do paladar ou olfato, representando 13,1% dos indivíduos.

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Fonte: ONS, Nature Medicine, Forbes.

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