A febre é uma elevação anormal da temperatura corporal, que varia de 36,5 ºC a 37,5 ºC. Esse aumento é um mecanismo de defesa natural do corpo, pois muitos organismos infecciosos, como bactérias e vírus, têm dificuldade de sobreviver em temperaturas elevadas. Aumentar a temperatura corporal também pode ajudar o sistema imunológico a combater a infecção, aumentando a atividade das células de defesa do corpo.
Quando não se sabe, ao certo, as motivações por trás dessa elevação de temperatura, a condição é chamada de febre de origem indeterminada (FOI), caracterizada pela temperatura corporal igual ou superior a 38,3 ºC por tempo prolongado e sem um diagnóstico determinado.
Um estudo identificou que a febre de origem indeterminada foi responsável por 8,4% das internações hospitalares em um período de dois anos.
A maioria dos casos diz respeito a doenças comuns com apresentação atípica, e não a doenças raras. As principais causas são infecções, doenças neoplásicas ou doenças comuns do tecido conjuntivo, como lúpus, artrite reumatoide, artrite de células gigantes, polimialgia reumática, tireoidite e vasculite.
Diagnóstico
A FOI é um desafio para os profissionais de saúde, pois não existe uma fórmula específica ou um roteiro padrão para seu diagnóstico. Cada caso é único, e o processo diagnóstico requer uma abordagem cuidadosa e individualizada.
Os principais pontos considerados são a anamnese (observando caquexia, icterícia e palidez), a avaliação epidemiológica e medicamentosa, o exame físico e exames complementares, como análises de sangue, culturas de fluidos corporais e exames de imagem.
Cerca de 10% dos casos de febre de origem indeterminada não têm sua causa diagnosticada, e nessas situações a doença causadora normalmente regride espontaneamente e não retorna.
Tipos de febre de origem indeterminada
Existem diferentes tipos de febre de origem indeterminada, e é importante se atentar aos sinais. São eles:
- febre de origem indeterminada clássica: presença de febre em várias ocasiões ao longo de mais de três semanas, sem um diagnóstico estabelecido;
- febre de origem indeterminada nosocomial: também conhecida como febre de origem desconhecida associada a cuidados de saúde, que envolve a presença da febre em paciente hospitalizado, após a exclusão de infecção no momento da admissão e no período de incubação;
- febre de origem indeterminada associada à imunodepressão e neutropenia: febre persistente em pacientes com contagem reduzida de neutrófilos (um tipo de glóbulo branco importante na defesa do organismo contra infecções);
- febre de origem indeterminada associada ao HIV: presença de febre em paciente com HIV por mais de quatro semanas sob regime ambulatorial ou três dias de investigação no ambiente hospitalar;
- febre recorrente ou episódica de origem indeterminada: similar à febre de origem indeterminada clássica, porém com intervalos de pelo menos duas semanas sem manifestação do episódio febril e normalização do processo inflamatório.
Tratamento
O tratamento concentra-se na doença que causa a febre e no controle da temperatura. O controle da febre é realizado pela administração de medicamentos antipiréticos. Nesse caso, o uso de anti-inflamatórios é evitado, pois pode interferir nos resultados laboratoriais.
Ainda, dependendo dos achados clínicos e dos exames realizados, o médico pode considerar algumas hipóteses diagnósticas mais prováveis e iniciar um tratamento empírico, abordagem na qual são prescritos medicamentos para tratar possíveis infecções ou inflamações mesmo sem um diagnóstico definitivo.
O objetivo desse tratamento é controlar a febre e reduzir o desconforto do paciente enquanto se aguardam mais informações para um diagnóstico mais específico.
Fontes:
MSD. Febre – Doenças infecciosas. Manuais MSD edição para profissionais. 2023.