O que é febre de origem indeterminada?

25 de setembro de 2023 4 mins. de leitura
A febre de origem indeterminada é caracterizada por temperatura igual ou superior a 38,3 ºC por um longo período sem causa definida

A febre é uma elevação anormal da temperatura corporal, que varia de 36,5 ºC a 37,5 ºC. Esse aumento é um mecanismo de defesa natural do corpo, pois muitos organismos infecciosos, como bactérias e vírus, têm dificuldade de sobreviver em temperaturas elevadas. Aumentar a temperatura corporal também pode ajudar o sistema imunológico a combater a infecção, aumentando a atividade das células de defesa do corpo.

Quando não se sabe, ao certo, as motivações por trás dessa elevação de temperatura, a condição é chamada de febre de origem indeterminada (FOI), caracterizada pela temperatura corporal igual ou superior a 38,3 ºC por tempo prolongado e sem um diagnóstico determinado.

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Os principais sintomas da febre são calafrios, sudorese, dores no corpo, dor de cabeça e fadiga. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Um estudo identificou que a febre de origem indeterminada foi responsável por 8,4% das internações hospitalares em um período de dois anos. 

A maioria dos casos diz respeito a doenças comuns com apresentação atípica, e não a doenças raras. As principais causas são infecções, doenças neoplásicas ou doenças comuns do tecido conjuntivo, como lúpus, artrite reumatoide, artrite de células gigantes, polimialgia reumática, tireoidite e vasculite.

Diagnóstico

A FOI é um desafio para os profissionais de saúde, pois não existe uma fórmula específica ou um roteiro padrão para seu diagnóstico. Cada caso é único, e o processo diagnóstico requer uma abordagem cuidadosa e individualizada.

Os principais pontos considerados são a anamnese (observando caquexia, icterícia e palidez), a avaliação epidemiológica e medicamentosa, o exame físico e exames complementares, como análises de sangue, culturas de fluidos corporais e exames de imagem.

Cerca de 10% dos casos de febre de origem indeterminada não têm sua causa diagnosticada, e nessas situações a doença causadora normalmente regride espontaneamente e não retorna. 

A febre de origem indeterminada contribui com as taxas de internação hospitalar
A febre de origem indeterminada (FOI) contribui para as taxas de internação hospitalar. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Tipos de febre de origem indeterminada

Existem diferentes tipos de febre de origem indeterminada, e é importante se atentar aos sinais. São eles:

  • febre de origem indeterminada clássica: presença de febre em várias ocasiões ao longo de mais de três semanas, sem um diagnóstico estabelecido;
  • febre de origem indeterminada nosocomial: também conhecida como febre de origem desconhecida associada a cuidados de saúde, que envolve a presença da febre em paciente hospitalizado, após a exclusão de infecção no momento da admissão e no período de incubação;
  • febre de origem indeterminada associada à imunodepressão e neutropenia: febre persistente em pacientes com contagem reduzida de neutrófilos (um tipo de glóbulo branco importante na defesa do organismo contra infecções);
  • febre de origem indeterminada associada ao HIV: presença de febre em paciente com HIV por mais de quatro semanas sob regime ambulatorial ou três dias de investigação no ambiente hospitalar;
  • febre recorrente ou episódica de origem indeterminada: similar à febre de origem indeterminada clássica, porém com intervalos de pelo menos duas semanas sem manifestação do episódio febril e normalização do processo inflamatório.

Tratamento

O tratamento concentra-se na doença que causa a febre e no controle da temperatura. O controle da febre é realizado pela administração de medicamentos antipiréticos. Nesse caso, o uso de anti-inflamatórios é evitado, pois pode interferir nos resultados laboratoriais.

Ainda, dependendo dos achados clínicos e dos exames realizados, o médico pode considerar algumas hipóteses diagnósticas mais prováveis e iniciar um tratamento empírico, abordagem na qual são prescritos medicamentos para tratar possíveis infecções ou inflamações mesmo sem um diagnóstico definitivo. 

O objetivo desse tratamento é controlar a febre e reduzir o desconforto do paciente enquanto se aguardam mais informações para um diagnóstico mais específico.

Fontes:

EINSTEIN. Guia do Episódio de Cuidado: Febre de Origem Indeterminada. 2023.https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/Pathways/Febre-de-Origem-Indeterminada.pdf

FISHER, Ronald E; DREWS, Ashley L; PALMER, Edwin L. Lack of Clinical Utility of Labeled White Blood Cell Scintigraphy in Patients With Fever of Unknown Origin. Open Forum Infectious Diseases, v. 9, n. 3, p. ofac015, 2022.

LAMBERTUCCI, José Roberto; ÁVILA, Renata Eliane de; VOIETA, Izabela. Febre de origem indeterminada em adultos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, p. 507–513, 2005.

MSD. Febre – Doenças infecciosas. Manuais MSD edição para profissionais. 2023.

MSD. Febre de origem indeterminada (FOI) – Doenças infecciosas. Manuais MSD edição para profissionais. 2023.

UFMG. Faculdade de Medicina da UFMG. 2023.

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