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Crise de saúde mental pós-covid foi menor que o esperado

A pandemia de covid-19 trouxe preocupações além do vírus. O isolamento social e a crise econômica foram catalisadores de uma série de outros problemas, como o aumento de casos de depressão, ansiedade e outras condições psicológicas. Porém, embora os números iniciais tenham sugerido uma crise de saúde mental pós-covid, estudos recentes mostram que o impacto foi muito menor do que o esperado.

Aumento no número de casos de ansiedade e depressão após a pandemia foi menor do que o esperado. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O que diz o estudo?

O trabalho publicado na revista científica The BMJ condensou dados de 137 estudos realizados em países desenvolvidos da Europa e da Ásia. A partir disso, pesquisadores chegaram a algumas conclusões. Uma delas é de que houve leve piora nos quadros de depressão de forma geral.

Em alguns grupos específicos, como mulheres, idosos, universitários e pessoas LGBTQIA+, o aumento de casos foi mais sensível. Alguns dos estudos sugeriram que as mulheres sofreram mais com a saúde mental no período de isolamento devido ao tipo de trabalho realizado e ao seu papel nas composições familiares.

Apesar disso, cientistas consideraram que houve resiliência muito grande por parte da população no período da pandemia. De forma geral, o aumento de casos de doenças psicológicas, ansiedade e depressão foi pequeno.

Estudos não englobaram países pobres

Apesar dos resultados animadores, o grupo analisado pode ter tido influência nos resultados. Isso porque apenas países desenvolvidos foram analisados nesse processo, o que provavelmente teve impacto na qualidade de vida, na comunicação e na interação durante a pandemia.

Sistemas de saúde estruturados e preparados para lidar com transtornos psicológicos também ajudam a evitar o agravamento e o aumento de casos desse tipo de doença. Países desenvolvidos costumam ter maior acesso nesse quesito quando comparados com países em desenvolvimento.

Alguns grupos de risco, como crianças e adolescentes, também não foram objeto específico do estudo, por isso não é possível afirmar que não houve impacto em determinadas populações, apenas que não há sinal de crescimento generalizado.

De acordo com uma das autoras do trabalho, Gemma Knowles: “Isso pode significar que não houve aumento geral, mas isso não deve ser interpretado como uma sugestão de que a pandemia não teve grandes efeitos negativos entre alguns grupos. Há evidências de outros estudos que mostraram variações consideráveis, como a saúde mental de algumas pessoas melhorando e de outras piorando”.

Pandemia foi pior para crianças

Estudos realizados no Reino Unido mostraram que houve aumento de 77% no contato de crianças com tratamento para doenças psicológicas. De 2018 até 2022, o crescimento foi ainda mais impressionante, chegando a triplicar.

Aumento no número de doenças psicológicas em crianças foi bastante significativo nos últimos anos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A falta de interação com outras crianças e a ausência de atividades escolares durante o período de isolamento social são as principais hipóteses para esse crescimento. Além disso, existe aumento significativo na atenção dada por pais e responsáveis para a saúde mental de crianças, o que pode ter influenciado em um número maior de diagnósticos.

Por fim, o trabalho concluiu que a pandemia foi pior para pessoas que já enfrentavam doenças como depressão e ansiedade. Portanto, apesar do aumento no número de casos não ser tão significativo, houve piora no quadro de pacientes já instáveis.

Fonte: BMJ, BBC

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