Mais de 264 milhões de pessoas de todas as idades sofrem com depressão, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O distúrbio é a principal causa de incapacidade laboral do mundo. Na pior das hipóteses, a enfermidade pode levar ao suicídio, que atinge 800 mil indivíduos por ano e é a segunda causa principal de morte entre jovens de 15 anos a 29 anos de idade.
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Existem tratamentos eficazes e conhecidos para transtornos mentais, no entanto, entre 76% e 85% das pessoas em países de baixa e média renda não recebem tratamento, informa a OMS. O atendimento é prejudicado por falta de recursos e de profissionais de saúde treinados e pelo estigma social associado a transtornos mentais.
Nesse contexto, estudos que relacionam a prática de exercícios físicos a tratamentos contra depressão e ansiedade ganham extrema importância por serem baratos e eficazes. A atividade pode, inclusive, ser uma alternativa de baixo custo possível de ser associada a outros recursos, como psicoterapia e medicamentos.
Exercícios físicos e depressão
As vantagens da atividade física são conhecidas e exploradas dentro e fora do Brasil para o tratamento e a prevenção do desenvolvimento de depressão e ansiedade. Como transtornos mentais são de difícil diagnóstico e o exercício apresenta resultado de longo prazo, poucos ensaios científicos reforçam essa importância.
Um estudo realizado durante 11 anos pelo instituto Black Dog, nos Estados Unidos, com quase 34 mil adultos, chegou à conclusão de que o sedentarismo pode agravar os distúrbios psicológicos. A pesquisa registrou que 12% dos casos de depressão poderiam ser prevenidos se todos os participantes tivessem feito pelo menos 1 hora de exercícios por semana — a falta de atividades foi associada a um risco 44% maior de apresentar a condição.
No Brasil, uma pesquisa com pacientes com depressão severa internados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre observou que o tratamento combinado de remédios e atividade física proporcionava melhores resultados do que a utilização somente de medicamentos.
Impacto da atividade física no organismo
A ausência de endorfina no cérebro pode causar problemas desde mau humor até depressão. A substância, também conhecida como hormônio da felicidade, é o neurotransmissor responsável pela promoção da sensação de prazer e bem-estar. Uma das formas conhecidas de liberação de endorfina é a realização de exercício físico.
Mas os benefícios da atividade física regular podem ir além da sensação imediata de satisfação, já que ela pode estimular o crescimento de células nervosas no hipocampo, de acordo com experimentos recentes. Essa estrutura do cérebro é responsável pela memória e pelo humor e geralmente é menor em pessoas deprimidas.
Dessa forma, a melhoria de pacientes em depressão não ocorreria apenas pela liberação da endorfina: a longo prazo, o hormônio pode promover a regeneração da rede de neurônios. Os exercícios também reduzem os níveis de estresse oxidativo, que pode ser alterado por distúrbios psicológicos.
Como começar a fazer exercícios
Um dos sintomas da depressão é a falta de motivação, inclusive para a realização de atividades físicas, por isso pacientes deprimidos podem enfrentar uma dificuldade maior no começo dos exercícios. Uma estratégia pode ser realizada para dar o impulso inicial, entretanto, com a rotina, a prática tende a ficar mais fácil.
Algumas ações, como atividades cotidianas, podem ser um início de tratamento com exercício físico, em especial para as pessoas que são mais sedentárias. Uma ida ao parque, por exemplo, além de propiciar uma caminhada, permite o contato com a natureza, outro fator que pode contribuir para a promoção do bem-estar mental.
Cuidados com jardins e hortas e até faxina podem ajudar: um estudo afirma que limpar a casa melhora em até 23% o humor do dia. O alongamento frequente do corpo também é benéfico, pois ajuda o oxigênio a circular e pode trazer alívio imediato para a mente, reduzindo os sintomas de ansiedade.
Companhia ajuda
O acompanhamento do exercício por um profissional de educação física ou até mesmo a presença de um amigo ou animal de estimação é importante. A companhia diminui o sentimento de solidão e incentiva o paciente a se exercitar.
É fundamental lembrar que o objetivo da atividade não é a perda de peso ou o ganho muscular, mas sim colaborar com o tratamento; portanto, as metas devem ser adaptadas às condições e limitações, e não devem ser geradas grandes expectativas.
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Fontes: Organização Mundial de Saúde (OMS) e Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS).