Pesquisas realizadas com animais indicam que comer à noite pode levar a maior ganho na ingestão da mesma quantidade de calorias, mas análises feitas em seres humanos chegaram a outras conclusões. Estudos como o da Northwestern University apontam que a quantidade de calorias consumidas importa mais do que o horário em que a pessoa as ingere. O que pode ocorrer é uma tendência de consumir mais calorias à noite devido a fatores como a conveniência de alimentos processados e mais calóricos, questões emocionais e cansaço.
Dormir pouco também pode impactar na escolha do tipo de alimento consumido à noite. Um estudo com adolescentes mostrou que aqueles que dormiram seis horas e meia por noite, em vez das oito horas recomendadas, consumiram mais alimentos calóricos, especialmente após as 21h. Os pesquisadores atribuíram isso à busca por explosões de energia que mantivessem os jovens em atividade até a hora de dormir.
Os efeitos da alimentação noturna em seres humanos
A tendência é que quando as pessoas se alimentam tarde ficam propensas a comer mais. Os motivos são vários, incluindo hábitos, tédio e estresse, que acabam sendo traduzidos na quantidade e no tipo de comida ingerida. O consumo costuma ser de alimentos menos saudáveis e mais calóricos, que podem parecer mais atraentes em um cenário de baixa energia.
Ainda há a necessidade de mais fazer investigações para compreender os possíveis efeitos de comer tarde nos seres humanos. As mudanças observadas em camundongos apontam os efeitos negativos de confundir o ciclo circadiano, que é uma espécie de relógio interno regulado pela luz e determina os períodos ativos e inativos do corpo. Assim, fazendo refeições em horários de descanso, ocorreriam mudanças hormonais que alterariam fatores como apetite, gasto de energia e regulação de glicose.
Pesquisa recente aponta relação entre obesidade e alimentação tardia
Um estudo da Northwestern University publicado na Science, em outubro de 2022, investigou mais da relação entre comer tarde e ganhar peso. Os pesquisadores partiram da ideia de que os “relógios internos” podem ser desregulados quando há dietas ricas em gordura. Assim, conforme se tornam obesos, os animais começam a comer mais no período em que estariam dormindo.
Para entender mais sobre o assunto, os cientistas alimentaram camundongos com dietas ricas em gordura no período noturno, em que estavam ativos, ou durante o dia, quando estavam no período inativo. Após uma semana, os animais alimentados no período inativo ganharam mais peso.
Leia também:
- Como a alimentação saudável influencia na prevenção de doenças?
- Diabetes: como a alimentação pode prevenir ou remediar a doença?
- Qual é a relação entre a alimentação e o câncer?
Os pesquisadores observaram que, ao alimentar os animais no período ativo, houve aumento no gasto de energia decorrente do relógio interno dos adipócitos (células de gordura) e da maior produção de creatina. Tal conhecimento pode ser útil para pacientes com tubos de alimentação, os quais são comumente alimentados à noite, quando, durante o sono, liberam menor quantidade de energia. Esse pode ser o motivo pelo qual as taxas de obesidade e diabetes tendem a ser mais altas nesses pacientes.
Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Vigilantes do Peso, Drauzio Varella, Estudos de Psicologia (Natal), Unimed