Um novo estudo feito pela Escola de Medicina da Universidade da Califórnia (UC) de San Diego, nos Estados Unidos, tem mostrado a importância da terapia personalizada no tratamento de pacientes com câncer.
O relatório feito pelos pesquisadores da UC apontam que os indivíduos em tratamento avançado para câncer no Moores Cancer Center sobrevivem por mais tempo ou ficam maiores períodos sem que a doença progrida quando recebem um atendimento planejado para eles.
A terapia personalizada é uma metodologia da medicina que permite à equipe médica um maior planejamento estratégico sobre cada caso e concede ao paciente toda a atenção necessária e um atendimento mais humanizado.
Tratamento de câncer molecular
O procedimento foi conduzido pela diretora do Centro de Terapia Especializada para Câncer no Moores Cancer Center, Razelle Kurzrock. Em conjunto com um conselho multidisciplinar de tumores, Kurzrock e sua equipe aconselharam a equipe médica local sobre como lidar de forma estratégica com a comorbidade de cada paciente.
Em laboratório, o grupo conseguiu analisar as alterações genômicas em cada câncer, o que facilita no estabelecimento de uma medicina de precisão. De acordo com as cientistas, pacientes com tratamentos inadequados apresentavam sobrevida de três anos em apenas 25% dos casos, número que crescia para 55% em conjunto com a terapia personalizada.
O artigo publicado na Nature Communications em agosto de 2020 ressalta que 62 de 429 pacientes que participaram dos testes utilizaram pelo menos um tipo de medicamento. Em 20% dos casos, os indivíduos eram compatíveis com todos os tratamentos ou uma combinação deles.
Abordagens diferentes
Durante o experimento, o conselho multidisciplinar atuou na tutoria dos médicos que lideravam o quadro clínico. Em 38% das vezes, a equipe médica escolheu ignorar as recomendações do conselho e optar pelo tratamento convencional e generalizado do tumor. De modo geral, esses pacientes tiveram menores taxas de sobrevivência ou regressão da doença.
O sequenciamento genômico dos tumores permite aos médicos uma série de abordagens estratégicas inovadoras no tratamento dos pacientes.
Apesar disso, na visão do professor de Medicina na UC e também autor do estudo, Shumei Kato, a terapia personalizada ainda não é uma realidade para todas as situações. “Isso pode ser desafiador, visto que a gente tem customizado todo um tratamento em torno de um padrão genômico de um paciente e, por isso, é difícil prever sua resposta”, disse.
Para Kato, a terapia personalizada também exige a presença de uma equipe multidisciplinar trabalhando nos bastidores para guiar todo o processo e vasto acesso a todos os medicamentos. Em ambientes mais compactos, o procedimento pode não ser possível.
Medicina personalizada
Não é só no tratamento oncológico que a terapia personalizada vem sendo utilizada. Como diversas doenças estão associadas à predisposição genética, outros campos podem utilizar a técnica do sequenciamento genômico para compreender os caminhos aos quais a enfermidade pode se direcionar.
Além disso, o procedimento pode se aliar às leituras dos exames de rotina e às análises dos históricos familiares, que surgem como uma fonte de informação paralela para complementar o panorama do quadro clínico de um paciente.
Embora as novas tecnologias estejam se tornando cada vez mais comuns no campo da medicina, vale ressaltar que a terapia personalizada ainda é um procedimento custoso e, portanto, não é acessível financeiramente para toda a parcela da população brasileira.
Por outro lado, essa técnica surge como um dos principais métodos de prevenção para o futuro. Em casos de doenças silenciosas ou de fatores hereditários, como o Parkinson, Alzheimer, diabetes e cardiopatias, ambas as partes na relação médico/paciente podem se preparar para lidar com o problema antes mesmo que ele apareça.
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Fontes: Science Daily, Summit Saúde, Onco Guia, INCA, Shutterstock.