De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57,4 milhões de brasileiros têm pelo menos uma doença crônica. O tratamento dessas enfermidades pede o acompanhamento regular realizado por médicos, o que nem sempre é possível devido à distância ou falta de infraestrutura das cidades.
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Dados de 2012 do Conselho Federal de Medicina (CFM) demonstram que apenas 8% dos 388.015 médicos que o Brasil tinha naquele ano atuavam em cidades com até 50 mil habitantes. Uma das maneiras de solucionar esse problema seria usar o tratamento remoto, no qual as orientações médicas são feitas usando a tecnologia disponível, como videochamadas.
Atendimento remoto se tornou popular em 2020
O uso de tecnologias de comunicação no atendimento médico sempre foi alvo de debate entre os profissionais da área, sendo discutido desde 2002. Na época, o CFM permitia apenas a troca de informações entre médicos por e-mail.
Dessa maneira, profissionais mais experientes em determinados tratamentos podem auxiliar colegas, vencendo a distância geográfica; contudo, apenas em 2020 a telemedicina ganhou mais espaço no dia a dia de pacientes e médicos. Por ser uma abordagem que respeita o isolamento social, tão necessário para conter a disseminação da covid-19, o CFM permitiu a teleorientação, o telemonitoramento e a teleinterconsulta.
Confira as diferenças:
- Teleorientação: o médico pode orientar o paciente de modo remoto.
- Telemonitoramento: o médico pode analisar remotamente parâmetros da doença que está sendo tratada.
- Teleinterconsulta: é uma evolução da troca de informações entre médicos permitida desde 2002 por e-mail, que agora permite usar outras ferramentas digitais. Vale ressaltar que, por enquanto, as mudanças são válidas apenas durante o período da pandemia de covid-19.
Em abril deste ano, o Ministério da Saúde divulgou que mais de 2 milhões de brasileiros já haviam utilizado o TeleSUS para se informar sobre os sintomas da covid-19. Outras orientações sobre a doença também podem ser feitas pelo aplicativo Coronavírus SUS.
Análise de dados
Além de facilitar a comunicação, as novas tecnologias conseguem melhorar a análise e o compartilhamento de dados relacionados ao histórico dos pacientes. Essas informações podem ser cruzadas com outras fontes, como levantamentos, pesquisas e estatísticas, para gerar relatórios que contribuam para o desenvolvimento de estudos e a criação de novos protocolos sanitários.
Para isso, é preciso usar ferramentas adequadas de coleta e análise de dados, criadas especialmente para a realidade dos profissionais de medicina, algo que já vem ocorrendo com o surgimento de empresas de tecnologia e startups voltadas a esse mercado.
Como o atendimento remoto tem sido usado na pandemia de coronavírus, é natural que os principais exemplos dos resultados dessa tecnologia estejam ligados à nova doença. Um caso recente é o do estudante de medicina Faissal Nemer Hajar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que criou um sistema que usa informações oficiais, disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e por Secretarias de Saúde, para analisar os casos de covid-19. Até o fim de maio, o estudante já havia mapeado mais de 160 mil casos.
O desafio de infraestrutura
Para que a tecnologia seja usada no tratamento das doenças crônicas, é preciso que o País avance diante dos desafios relacionados à infraestrutura do setor de comunicação remota. Dados do Ranking Global de Internet Móvel mostram que a conexão mobile do Brasil perde em qualidade para nações menores e mais pobres, como Myanmar e Kuwait. Como se sabe, a troca de informações por meio de aplicativos de mensagens, como Skype, WhatsApp e Telegram, perde qualidade quando a conexão de dados apresenta instabilidade.
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Fontes: Pesquisa Nacional de Saúde (2019), Estadão, Conselho Federal de Medicina, Conselho Federal de Medicina (CFM), Ministério da Saúde, Universidade Federal do Paraná e Governo de Goiás.