O câncer de pulmão é o tipo de neoplasia com maior incidência e mortalidade em todo o mundo desde 1985. A doença atinge globalmente 2,1 milhões de pessoas, segundo a mais recente estimativa mundial realizada em 2018 pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer.
No Brasil, de acordo com dados de 2020 do Instituto Nacional do Câncer, cerca de 30 mil novos casos da patologia são diagnosticados por ano. A mortalidade por câncer de pulmão chega a 82% dos casos identificados, por isso a prevenção é fundamental para a redução da incidência. Os fatores de risco incluem tabagismo e estilo de vida, além de excesso de exposição à poluição do ar e condições genéticas.
O diagnóstico precoce é importante para a diminuição do número de mortes pela doença, considerando que quanto mais cedo for identificado, melhores são as chances de resultados positivos no combate ao tumor. Mas mesmo em estágios avançados a chance de sobrevida vem aumentando progressivamente graças aos avanços científicos na oncologia. No Brasil, as opções de tratamentos disponíveis incluem quimioterapia, radioterapia, cirurgia, terapia-alvo e imunoterapia.
Diagnóstico de câncer de pulmão
Assintomática em fases iniciais, a doença pode ser diagnosticada em qualquer pessoa e em qualquer idade, entretanto, segundo a American Cancer Society, ela doença atinge principalmente pessoas mais velhas. A maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão tem 65 anos de idade ou mais, enquanto um pequeno percentual de casos acomete pessoas com menos de 45 anos. A idade média no momento do diagnóstico é de 70 anos.
Grupos com maiores chances de desenvolver a doença podem solicitar ao médico uma investigação periódica para o rastreamento de um possível câncer. Por meio da análise do genoma, é possível identificar biomarcadores que podem ser utilizados como parâmetros biológicos e que determinam, por exemplo, o tipo da doença e quais são as opções terapêuticas mais eficazes para cada indivíduo.
Pessoas que tenham sintomas como tosse e rouquidão persistentes, sangramento pelas vias respiratórias, dor no peito, dificuldade para respirar, fraqueza e perda de peso sem causa aparente devem procurar assistência médica.
Impacto da pandemia
O medo de contaminação por coronavírus tem afetado o diagnóstico e o tratamento de câncer, aponta um levantamento realizado pela IQVIA sob encomenda da biofarmacêutica Bristol Myers Squibb (BMS). “Percebemos uma queda vertiginosa no número de casos novos de câncer, o que certamente ficou represado durante a pandemia“, explica o texto do estudo.
A pesquisa buscou analisar como a falta de diagnóstico e a interrupção do tratamento podem impactar a velocidade de progressão da doença. Além disso, decidiu quantificar os aspectos econômicos disso para o sistema de saúde suplementar. De acordo com a análise, o crescimento da doença está acontecendo três vezes mais rápido durante a pandemia, estando diretamente ligado a dois fatores: diagnóstico tardio e abandono do tratamento.
No cenário pré-pandemia, 44% dos pacientes em estágio 3 da doença evoluíam para o estágio 4 em tempo médio de 10 meses e 56% abandonavam o tratamento. Considerando o atraso no diagnóstico gerado pela crise sanitária e a interrupção no tratamento da doença, esses mesmos 44% devem levar 3,3 meses para evoluir de estágio.
Elevação de custos
O levantamento realizado pelo IQVIA comparou os custos do tratamento de pacientes diagnosticados precocemente com os custos de terapias para câncer de pulmão em estágios avançados. O estudo apontou que o acompanhamento quimioterápico de um paciente nos estágios 2 e 3 custa R$ 4.774, enquanto um paciente no último estágio da doença gasta em um ano R$ 476.347.
A pesquisa calcula que, antes da pandemia, as operadoras de saúde gastavam R$ 3,41 bilhões por ano com assistência oncológica por conta da neoplasia no pulmão. Quando são considerados o cenário de interrupção de tratamentos e o diagnóstico tardio, a estimativa de custos sobe para R$ 3,49 bilhões, o que representa acréscimo anual de R$ 80,4 milhões.
Em um cenário hipotético de diagnóstico precoce, o custo do sistema suplementar de saúde com tratamento de câncer de pulmão seria de R$ 2,8 bilhões por ano, o que representa economia de R$ 589 milhões. O valor corresponde a 0,3% das despesas assistenciais totais em 2019, de acordo com dados oficiais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
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Fonte: Bristol Myers Squibb (BMS), Oncoguia, Instituto Nacional de Câncer (INCA).