Um artigo publicado na revista científica The Lancet Oncology apresentou resultados positivos na experimentação de uma nova droga para o combate ao câncer de ovário. O relatório do Instituto de Câncer Dana-Faber, nos Estados Unidos, combinou o medicamento berzosetib com o tratamento por quimioterapia.
O experimento é o primeiro teste clínico randômico feito com uma substância que ataca uma das proteínas utilizadas pelas células cancerígenas para manter seu processo de crescimento: a ATR. Certos tumores, como o câncer de ovário, geram um grande estresse nas fitas de DNA, que utilizam a ATR para se reparar.
A reparação das fitas de DNA é utilizada pelas células cancerígenas como método de proliferação, o que gera um aumento gradual nos tumores. O berzosetib atua como um medicamento inibidor de ATR, impedindo a cadeia reprodutiva do câncer.
Tratamento demonstra eficiência em pacientes resistentes à quimioterapia
Medicamento inibidor da proteína ATR se mostrou efetivo no combate ao câncer de ovário. (Fonte: Shutterstock)
O artigo relata que grande parte dos pacientes tratados a base de quimioterapia e berzosetib mantiveram um quadro estável da doença por muito mais tempo do que aqueles que continuaram apenas com a quimioterapia.
De acordo com a equipe de cientistas, a diferença ocorre devido a diversos pacientes com câncer de ovário severo apresentarem resistência aos tratamentos de quimioterapia com compostos de platina.
O estudo foi feito com 70 pacientes de 11 centros de câncer nos EUA que serviram para a base de dados da primeira fase de testes. Enquanto metade das mulheres recebeu os medicamentos tradicionais feitos com o agente quimioterápico gencitabina, a outra recebeu doses de berzosertib.
Para os casos onde o câncer de ovário se encontrava em remissão ou estável, as pacientes tratadas com berzosertib demoraram 22,9 semanas antes para perceber um agravamento no quadro de saúde. Em comparação, aquelas que receberam apenas doses de gencitabina pioraram em 14,7 semanas.
Já nas mulheres com maior resistência ao tratamento quimioterápico à base de platina (tratadas a mais de 3 meses) o resultado foi ainda mais surpreendente. Enquanto a dosagem de gencitabina apresentou piora no quadro em 9 semanas, o medicamento berzosertib retardou os avanços do câncer em 27,7 semanas.
Apesar de a mudança de medicação ocorrer entre os dois grupos, os efeitos colaterais acabaram sendo semelhantes. Como resultado, ambos apresentaram queda no número de plaquetas no sangue – fator comum nos tratamentos de câncer.
O uso de inibidores ATR para o tratamento de outros tipos de câncer
O diretor em pesquisa translacional em Oncologia Ginecológica na Dana-Faber e também autor do estudo, Panagiotis Konstantinopoulos, acredita que a utilização de medicamentos inibidores de ATR, como o berzosertib, podem aparecer como uma saída para outros tipos de câncer resistentes à quimioterapia.
Em seu artigo, Konstantinopoulos ressalta que existem outros tipos de tumores similares ao câncer de ovário, onde a proteína ATR trabalha como parte importante na replicação da doença.
O pesquisador afirma que a ATR opera para coordenar a interrupção do ciclo celular quando identifica a necessidade de reparos no DNA e trabalha para diminuir seu estresse.
Caso seja comprovada a eficácia do uso de inibidores de ATR sem ocasionar grandes consequências ao organismo humano, tratamentos, como o de berzosertib, podem contribuir para a desaceleração dos tumores e o aumento nas chances de recuperação dos pacientes.
Tratamentos conhecidos no combate ao câncer
Inibidores de ATR podem contribuir para o tratamento de diversos tipos de câncer. (Fonte: Shutterstock)
Ao longo da história, alguns tratamentos se mostraram eficazes no alcance da remissão completa de vários tipos de câncer ou até mesmo na prevenção do processo de metástase – que é quando o tumor começa a se espalhar para outras áreas do corpo.
Além da quimioterapia, a radioterapia e a intervenção cirúrgica são alguns dos procedimentos utilizados no combate à doença. Em casos de tumores localizados, com pequeno grau de complexidade, o procedimento cirúrgico pode atuar como a forma mais simples de se livrar da enfermidade.
Já para os tipos de câncer com sensibilidade à radiação, a radioterapia surge como um método utilizado para matar as células tumorais ou impedir seu crescimento de tamanho. O procedimento costuma ser feito nos estágios iniciais da doença, quando o paciente recebe doses de radiação calculadas por uma aparelhagem específica.
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Fonte: Science Daily.