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Cientistas isolam anticorpos de lhama que combatem covid-19

Pesquisadores do National Institutes of Health isolaram um conjunto promissor de anticorpos minúsculos, também conhecidos como nanocorpos, que se mostraram capazes de combater a covid-19. Em testes de laboratório, a proteína produzida naturalmente pelo sistema imunológico de lhamas se mostrou eficaz para evitar infecções.

O nanocorpo pareceu funcionar igualmente bem nas formas líquida e em aerossol, sugerindo que poderia permanecer eficaz após a inalação. Isso pode permitir, no futuro, um tratamento contra o Sars-CoV-2 semelhante à terapia de asma, que é realizada por meio de um inalador ou de nebulização.

Anticorpos de lhama

Proteína spike, que reveste o coronavírus, funciona como chave de abertura das células para infecções. (Fonte: Shutterstock)

Um nanocorpo é um tipo especial de anticorpo produzido naturalmente pelo sistema imunológico dos camelídeos, grupo que inclui camelos, lhamas e alpacas. Em média, essas proteínas têm cerca de um décimo do peso da maioria dos anticorpos humanos e geralmente têm solubilidade superior, estabilidade de solução e de temperatura e forte penetração em tecidos. Além disso, são facilmente manipuladas com métodos de biologia molecular recombinante e têm resiliência ambiental.

Dessa forma, os nanocorpos são passíveis de produção em larga escala em laboratório de forma relativamente barata em comparação com outros produtos biológicos. Cientistas já mostraram que os nanocorpos humanizados podem ser mais eficazes do que as terapias atuais no tratamento de uma forma autoimune de púrpura trombocitopênica trombótica, uma doença rara do sangue.

Os anticorpos de camelídeos isolados em laboratório são essencialmente versões flutuantes das pontas dos braços das proteínas da cadeia pesada que formam a espinha dorsal de um típico anticorpo humano em forma de Y. Essas pontas são eficientes porque reconhecem proteínas em vírus, bactérias e outros invasores, também conhecidos como antígenos.

Pesquisa contra a covid-19

Anticorpos de lhama bloqueiam a ação da proteína spike, impedindo o contato com o ACE2 das células e a infecção. (Fonte: Ninds/Divulgação)

Desde que a pandemia começou, vários pesquisadores produziram nanocorpos de lhama contra a proteína spike do Sars-CoV-2. No estudo atual, foi usada uma estratégia ligeiramente diferente das outras.

A spike atua como uma chave que abre a porta para infecções quando se liga a uma proteína chamada receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), encontrada na superfície de algumas células. Com os nanocorpos, é possível bloquear as infecções ao cobrir os dentes da proteína spike que se liga e desbloqueia o receptor ACE2.

Para imitar o coronavírus, pesquisadores transformaram geneticamente um “pseudovírus” inofensivo para que pudesse usar a proteína spike para infectar células que têm receptores ACE2 humanos. Os especialistas viram que níveis relativamente baixos de nanocorpos impediram esse pseudovírus de infectar as células em placas de Petri, e estudos em tubos de ensaio mostraram que um anticorpo de lhama consegue se ligar ao receptor ACE2 de duas a dez vezes com mais força do que os nanocorpos produzidos por outros laboratórios.

Dessa forma, esses anticorpos e seus derivados têm potencial terapêutico, preventivo e diagnóstico, mas isso ainda precisa ser mais bem estudado, e há um longo processo de desenvolvimento até que a descoberta possa ser utilizada contra infecções por Sars-CoV-2.

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Fonte: Science Daily, Nature, National Institute of Neurological Disorders and Strokes (Ninds).

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