Pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein, localizada em Nova York, estão testando um novo tratamento medicamentoso para a covid-19, cujos resultados podem ser relevantes no combate à doença. O estudo consiste em combinar dois fármacos (remdesivir e baricitinibe) e avaliar a resposta de organismos, que será a segunda etapa da pesquisa.
Inicialmente, os cientistas elaboraram um protocolo chamado Estudo de Tratamento Adaptativo (ACTT), no qual o remdesivir foi testado isoladamente em diferentes localidades. Esse medicamento trata-se de um antiviral de amplo espectro administrado por via intravenosa e que se demonstrou capaz de abreviar significativamente a recuperação de infectados pelo novo coronavírus. Dessa forma, os pacientes que receberam esse remédio se recuperaram, em média, em 11 dias — contra a média de 15 dias dos pacientes tratados com placebo.
Esse resultado foi publicado no New England Journal of Medicine. Dos 1063 participantes de ensaios clínicos, 91 deles (quase 10%) estavam internados no Hospital Montefiore, local onde a Faculdade de Medicina Albert Einstein aplicou os testes.
O cenário positivo levou os pesquisadores da instituição a iniciar a segunda etapa. Chamada de ACTT 2, essa fase prevê a continuidade do uso do remdesivir, mas associado ao baricitinibe. A pesquisa é financiada pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, que compõe o Instituto Nacional de Saúde (NIH, em inglês) — um conglomerado de centros de pesquisa que formam a agência governamental de pesquisa biomédica.
Controle de ocitocinas
A investigação sobre a associação do remdesivir com baricitinibe foi pensada pelos pesquisadores diante de uma preocupação importante: em todo o mundo, pacientes com covid-19 têm sofrido efeitos graves causados por reações imunológicas severas, que, em alguns casos, podem ser fatais.
Normalmente receitado para pacientes com inflamação associada à artrite reumatoide — doença autoimune em que o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis —, o baricitinibe pode ser capaz de controlar a superprodução de efeitos imunológicos que pacientes com covid-19 costumam apresentar.
Segundo os cientistas, o objetivo é que o fármaco seja capaz de controlar a “tempestade de ocitocinas”, fenômeno imunológico que produz hiperinflamação.
Por isso, na fase ACTT 2, pacientes infectados pelo novo coronavírus e com sintomas moderados receberão remdesivir por via intravenosa por até 10 dias, de acordo com o calendário de recuperação. Além disso, os pacientes serão divididos em dois grupos: alguns receberão baricitinibe por até 14 dias, enquanto outros serão medicados com placebos em igual período.
Se a hipótese dos cientistas estiver correta, o baricitinibe combinado ao remdesivir poderá auxiliar no controle da “tempestade de ocitocinas” e resultar na redução do número de óbitos por covid-19, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, uma vez que os sintomas podem ser mais severos que a doença em si, quando em um ambiente imunológico controlado.
Outro benefício se refere à saúde pública. Caso a combinação medicamentosa se revele eficaz, ela poderá auxiliar na diminuição do número de pacientes que demandam cuidados médicos intensivos — além de reduzir gastos, garante-se que a rede de leitos de UTI não fique saturada.
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Fontes: Science Daily e Hospital Albert Einstein.