O Estadão Summit Saúde & Bem-Estar 2022 encerrou os cinco dias de programação online e gratuita tratando de temas transversais para a promoção da saúde, como o envelhecimento da população brasileira, as questões do sono e o uso de tecnologias digitais.
O evento é uma realização do Estadão com o apoio da Rádio Eldorado FM, o patrocínio de Afya, do Hospital Israelita Albert Einstein, da Boehringer Ingelheim, do Hospital Sírio-Libanês, da Janssen e da Thermo Fisher Scientific.
O envelhecimento como privilégio
As pessoas sabem o que fazer para ser saudáveis, mas faltam políticas públicas para incentivar os hábitos de cuidado com o corpo. “A saúde é criada no contexto do dia a dia, onde você mora, onde você trabalha, como você se locomove, como você se diverte, como você ama”, afirmou o presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache.
No entanto, envelhecer ainda é um privilégio. Pessoas de determinados grupos sociais são mais suscetíveis a invalidez e morte desnecessária. Alexandre da Silva, consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), lembrou que “Pensar as políticas públicas é pensar a saúde, a assistência social, o trabalho e o lazer”.
Como avaliar a saúde do idoso
A avaliação de um paciente idoso deve ser feita de acordo com o contexto em que ele vive. “A questão do idoso é familiar”, avaliou a presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Elci de Almeida Fernandes. O envelhecimento saudável está relacionado à quantidade e ao excesso de qualquer tipo de alimento, sendo a obesidade também um dos principais problemas.
Nos países desenvolvidos, a incidência de demência tem diminuído, devido, provavelmente, à melhora do estilo de vida das pessoas, segundo demonstram estudos. Ricardo Nitrini, professor titular sênior de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), considerou que, “Na América Latina e no Brasil, pesquisas mostram que a demência começa antes nos mais pobres”.
Leia também:
- Como Índia e Japão ensinam o mundo sobre cuidados com idosos
- Mulheres sofrem mais de distúrbios do sono, diz estudo
- Robôs podem auxiliar no cuidado de idosos
Sono de qualidade para prevenir doenças
A privação de sono atinge funções de memória, metabolismo, funcionamento cardiovascular e hemodinâmica. “Sentimos falta do sono, mas não queremos dormir”, contou a médica-neurologista, especialista em Medicina do Sono e professora da Universidade Federal de São Paulo, Dalva Poyares.
A sociedade sofre com jornadas de trabalho extenuantes e deslocamentos longos dentro das metrópoles, o que reduz o tempo disponível para dormir. “O sono acaba sendo negligenciado”, considerou o psiquiatra especialista em Medicina do Sono do Hospital das Clínicas de São Paulo, Daniel Guilherme Suzuki Borges.
O intervalo entre a mamada e o sono começa a estabelecer o mundo psíquico desde bebê. “As mudanças que a gente sofreu em nossa rotina trouxeram um impacto muito grande para o sono e nos desafiaram a repensar essa relação”, como declarou a psicóloga, psicanalista, sócia-fundadora e diretora de Pesquisa e Psicologia da Vigilantes do Sono, Laura Castro.
Tecnologia a favor da saúde
A tecnologia transformou a saúde, desde a educação de forma integral até as soluções de gestão. “A gente consegue simular uma cirurgia, uma interação médico-paciente, as possibilidades diagnósticas, o raciocínio clínico desenvolvido em um formato gamificado”, exemplificou o diretor médico de Soluções Digitais da Afya, Ricardo Moraes.
Os médicos de consultório acabam se tornando também empreendedores, demandando habilidades para além da Medicina. “A gente vem ajudando em outros temas, como gestão de consultório, geração de demanda em um mundo cada vez mais virtual, como Instagram e TikTok”, descreveu o vice-presidente de Soluções Digitais da Afya, Lelio de Souza.
A interoperabilidade das informações vai proporcionar o Open Health, com ganhos para o sistema de saúde. O machine learning oferece uma previsibilidade melhor e uma acurácia no diagnóstico, de forma mais rápida. “O dado é do paciente”, definiu Ricardo Moraes. Com ele, é possível prevenir e gerar mais qualidade de vida na doença.