Neste mês, uma série de ações visa conscientizar a população sobre o câncer infantojuvenil. Conhecido como Setembro Dourado, o período traz informações aos profissionais da saúde acerca dessa doença que ao ser diagnosticada precocemente aumenta as chances de cura do paciente em até 70%. Ainda assim, é a principal causa de mortes de crianças e adolescentes de 1 ano a 19 anos de idade no Brasil, correspondendo a 8% do total.
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Em 2020, o desafio é ainda maior, já que a pandemia do novo coronavírus afetou diversas áreas da saúde, inclusive o tratamento de crianças e adolescentes com câncer. As orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que a procura por consultas hospitalares seja feita apenas em casos de emergência fez com que muitas famílias ignorassem os primeiros sinais de uma doença que muitas vezes é silenciosa.
No Hospital Santa Marcelina, em São Paulo (SP), a taxa de ocupação da ala oncológica infantil diminuiu cerca de 70% entre janeiro e março, de acordo com a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca).
Tipos de câncer infantojuvenil
O câncer infantojuvenil se caracteriza pelo aumento descontrolado de células, podendo ocorrer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum que aconteça com no sangue ou em tecidos de sustentação. Por serem células predominantemente embrionárias, normalmente a resposta ao tratamento é mais eficaz, por isso é importante o diagnóstico precoce.
Os tipos mais frequentes são as leucemias, os cânceres que atingem o sistema nervoso central e os linfomas. Porém, crianças e adolescentes também podem desenvolver neuroblastoma (no sistema nervoso periférico, normalmente na região do abdômen), nefroblastoma (nos rins), retinoblastoma (na retina), tumor germinativo (nos testículos ou no ovário) e osteossarcoma (nos ossos).
No Brasil, o tratamento do câncer infantojuvenil é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo individualizado e incluindo diagnóstico, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, reabilitação e cuidados paliativos, dependendo de cada caso.
Sinais e sintomas do câncer infantojuvenil
Especialistas no tratamento de câncer infantojuvenil alertam para os primeiros sinais da doença; na presença de um ou mais deles, é necessário haver uma avaliação clínica completa da criança ou do adolescente, incluindo exames clínicos, laboratoriais ou de imagem. O histórico familiar também deve ser levado em consideração para um perfil mais completo do paciente.
Conheça os principais sinais e sintomas:
- palidez, hematomas e sangramentos;
- caroços e inchaços, principalmente se não doerem ou não forem acompanhados de febre;
- perda abrupta de peso sem causa aparente;
- tosse persistente ou falta de ar;
- dor de cabeça duradoura e de origem incomum;
- sudorese noturna, fadiga e mudanças no comportamento com tendência a isolamento;
- tontura, perda de equilíbrio e falta de coordenação;
- alterações na visão, como pupila branca, estrabismo recente e inchaços ou hematomas na região dos olhos;
- dor nos braços, nas pernas ou nos ossos com a presença de inchaços;
- inchaço abdominal.
Os desafios durante a pandemia
De acordo com o comitê Unidos pela Cura, que trata especificamente do câncer infantojuvenil, a pandemia de covid-19 trouxe novos desafios no tratamento da doença. Houve redução de 49% nos encaminhamentos de suspeita de câncer nessa população entre abril e maio no Rio de Janeiro. Para reduzir esse impacto, a intenção é melhorar a comunicação entre as equipes de saúde em diferentes níveis de atenção, além de ampliar o olhar para os sintomas do câncer infantojuvenil também em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Vale destacar a pesquisa do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC), dos Estados Unidos, que aponta que crianças e adolescentes com câncer não são mais vulneráveis à covid-19 do que as pessoas saudáveis. “O câncer infantil costuma ser agressivo e com frequência requer tratamento intensivo, portanto os riscos e benefícios precisam ser considerados. Esses dados significam que talvez não seja necessário suspender o tratamento de crianças com câncer, porque elas podem não se sair tão mal face à covid-19 quanto os adultos”, explica a pediatra norte-americana Jenna Rossoff em entrevista ao jornal oncológico JAMA Network.
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Fontes: Medicina SA, Instituto Nacional do Câncer, Instituto Desiderata, JAMA Network, Medscape e Ministério da Saúde