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Candida auris: o que é, sintomas e riscos

O Brasil confirmou dez casos de Candida auris em hospitais em 2023 e chegou a fechar dois hospitais como medida preventiva. O superfungo, conhecido por sua resistência a tratamentos tradicionais, foi diagnosticado pela primeira vez em 2009 no Japão. Desde então, tem sido uma preocupação para as autoridades sanitárias no mundo.

A maioria dos casos mais recentes foram confirmados na região metropolitana do Recife (PE); ainda, houve um caso em Campinas (SP). “O diagnóstico em Pernambuco é sinal de que a busca ativa tem sido mais efetiva do que em outros Estados”, explica o infectologista Filipe Prohaska.

O que é Candida auris?

O hospital é o principal ambiente de transmissão do superfungo Candida auris. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Candida auris é uma espécie de fungo que representa uma evolução de Candida, um gênero que tem coexistido com os seres humanos há milênios. Esses fungos vivem em simbiose conosco, habitando a pele e o intestino e desempenhando um papel importante na absorção dos alimentos.

“Ao longo do tempo, surgiram mais de 200 tipos de Candida, dos quais cerca de 50 podem interagir com os seres humanos”, relata Prohaska. Eles permanecem em regiões de colonização, ou seja, convivem conosco sem causar doenças. “Na maioria dos casos, tem sido uma colonização, e não uma infecção propriamente dita”, completa.

O que torna o Candida auris um “superfungo” é sua capacidade de adaptação ao ambiente hostil. Nota-se uma resistência a todos os antifúngicos disponíveis no mercado, assim como a condições adversas, como temperatura elevada e desinfetantes comuns, como álcool em gel e compostos de amônia quaternária, usados em ambientes hospitalares.

Como ocorre a transmissão de Candida auris?

A transmissão do superfungo Candida auris ocorre principalmente por contato direto, especialmente por meio das mãos. “Quando uma pessoa colonizada pelo fungo não realiza a higienização adequada das mãos ou a faz de forma insuficiente, o fungo pode permanecer nas mãos”, comenta o infectologista.

Como o Candida auris tem uma alta capacidade de resistência, a desinfecção comum é menos eficaz. “Essa transmissão pode ocorrer facilmente em ambientes de saúde, onde os pacientes estão mais suscetíveis a infecções”, diz Prohaska.

Portanto, uma das medidas essenciais para prevenir a transmissão de Candida auris é adotar a precaução-padrão. Isso inclui o uso de capote e luvas exclusivas para cada paciente durante o exame ou procedimento, seguido pelo descarte imediato das luvas para evitar o risco de contaminação de outras pessoas.

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Como detectar Candida auris?

Grande parte dos profissionais de saúde não estão treinados para diagnosticar Candida auris. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os sintomas das infecções por Candida auris são desafiadores, uma vez que as infecções fúngicas, em geral, não apresentam sintomas específicos. Enquanto o fungo coloniza as regiões habituais sem causar danos significativos ao corpo, não há sinais óbvios. “No entanto, existem grupos de pessoas consideradas de maior risco”, comenta o infectologista.

Os grupos de risco incluem pacientes com uma ruptura na barreira de proteção da pele, como pessoas que usam cateteres de longa duração ou que permanecem internadas em unidades de terapia intensiva por longos períodos. Também são mais suscetíveis os pacientes com manipulação do intestino devido a infecções, perfurações ou cirurgias corretivas.

“O diagnóstico das infecções por Candida auris é realizado por meio de swabs, amostras coletadas em diferentes regiões do corpo”, informa Prohaska. A coleta é feita nas regiões inguinal e axilar, áreas de dobras do corpo que apresentam alta taxa de colonização pelo fungo.

Qual é o tratamento das infecções por Candida auris?

Não existe um tratamento específico para Candida auris. Geralmente são utilizadas combinações de antifúngicos para obter melhores resultados contra o superfungo.

Contudo, essa abordagem apresenta problemas, uma vez que cada medicação individual já é tóxica para o organismo. “O uso de combinações de antifúngicos aumenta o risco de efeitos colaterais e pode causar mais danos do que benefícios no tratamento”, alerta Prohaska.

O infectologista Filipe Prohaska é chefe da triagem de doenças infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco (UPE) e responsável pelo ambulatório de Micologia e Infecção por Imunobiológicos da instituição.

Fonte: TV Brasil, Agência Brasil, Ministério da Saúde, Filipe Prohaska/Infectologista

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