O número de casos de pancreatite cresceu 3,75% em cinco anos, saindo de 31 mil, em 2016, para quase 33 mil em 2020. O Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) teve 166 mil registros da doença no período, com uma maior incidência na região Sudeste e entre pessoas brancas.
A maioria dos casos de pancreatite são leves a moderados e melhoram com repouso, hidratação e tratamento da dor. No entanto, a gravidade da doença pode ter uma evolução rápida, causando complicações como necrose pancreática, abscessos, infecções sistêmicas ou insuficiência de múltiplos órgãos, provocando até o óbito.
Saiba mais sobre a pancreatite, como tipos, causas, sintomas e tratamentos.
O que é pancreatite e quais são seus tipos?
A pancreatite é a inflamação do pâncreas. O órgão, localizado atrás do estômago, tem um papel crucial na digestão e na regulação do açúcar no sangue. A inflamação do pâncreas tem dois tipos principais, podendo variar em gravidade, desde casos leves e autolimitados até casos graves, que exigem tratamento médico intensivo.
A pancreatite aguda é uma forma repentina de inflamação do pâncreas, que pode ser tratada sem danos permanentes. Já a pancreatite crônica é uma condição prolongada e recorrente, caracterizada por inflamação contínua do pâncreas que leva a danos permanentes no órgão.
O que causa pancreatite?
A causa mais comum da pancreatite aguda é o bloqueio do duto pancreático, que impede a liberação adequada de enzimas digestivas produzidas pelo pâncreas. Essas enzimas podem se acumular e causar danos ao próprio órgão. Outras causas incluem bebidas alcoólicas, cálculos biliares, infecções, traumas ou certos medicamentos.
Além dos fatores anteriores, fumar tabaco aumenta o risco de desenvolver pancreatite crônica. Essa forma da doença pode ser provocada por fatores hereditários, como a fibrose cística, que afeta várias glândulas do corpo, incluindo o pâncreas. Os trabalhadores expostos a determinados produtos químicos, como solventes orgânicos, também têm maior risco de desenvolver pancreatite crônica.
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Quais são os sintomas de pancreatite?
Na pancreatite aguda, a dor abdominal é um sintoma proeminente, geralmente localizado na parte superior do abdômen e podendo se estender para as costas. Acompanhada de náuseas, vômitos e desconforto abdominal, a dor aguda é muitas vezes descrita como intensa e latejante. Além disso, podem ocorrer febre, aumento da frequência cardíaca e distensão abdominal.
A pancreatite crônica, por outro lado, é marcada por sintomas persistentes e debilitantes. A dor abdominal contínua pode ser menos intensa do que na forma aguda, mas duradoura e muitas vezes intercalada com períodos de piora.
Os problemas digestivos, como fezes oleosas, diarreia e perda de peso inexplicada, são sinais de comprometimento da função pancreática. Além disso, a associação com diabete pode gerar sintomas como sede excessiva, fome frequente e urinação aumentada.
Como tratar a pancreatite?
O tratamento da doença depende da gravidade e do tipo. Na pancreatite aguda, o repouso intestinal é frequentemente recomendado, permitindo que o pâncreas se recupere. O controle da dor é essencial, podendo envolver medicações analgésicas prescritas por um médico.
Em casos graves, a internação hospitalar pode ser necessária para administração de líquidos intravenosos e acompanhamento médico constante. O tratamento também visa resolver a causa subjacente, como a remoção de cálculos biliares ou o tratamento de infecções, se for o caso.
Na pancreatite crônica, a abordagem se concentra em controlar a dor crônica e melhorar a qualidade de vida. Analgésicos e medicamentos específicos para dor neuropática podem ser prescritos. Além disso, a gestão da dieta é importante, com orientações para evitar alimentos gordurosos e controlar o consumo de álcool.
Em alguns casos, suplementos de enzimas pancreáticas podem ser necessários para auxiliar na digestão. Quem tem diabete associada à pancreatite crônica pode precisar de tratamento para controlar os níveis de açúcar no sangue.
Fontes: Drauzio Varella, Espaço de Saúde do Aparelho Digestivo (Esadi), Rede D´Or São Luiz Hospital Albert Einstein, Ministério da Saúde