Desenvolvidas para o universo dos video games, a realidade virtual (RV) e a realidade aumentada (RA) vêm se expandindo cada vez mais para outros segmentos, possibilitando usar a sensação de imersão nos mais variados contextos para atender a diferentes propósitos. Uma das áreas beneficiadas é a de saúde.
Capaz de enganar os sentidos por meio de um ambiente gerado por sistema computacional, a realidade virtual induz efeitos visuais, sonoros e até táteis, oferecendo imersão completa no mundo simulado. Ela foi desenvolvida há décadas e depende de óculos e headsets, que levam o usuário para dentro da experiência digital.
Já a realidade aumentada integra objetos existentes no meio virtual a elementos do mundo real, não necessariamente exigindo acessórios extras — um celular pode ser o suficiente. Exemplos dessa tecnologia são tanto os filtros para fotos no Snapchat, no Instagram e em outras redes sociais quanto o jogo Pokémon GO.
Esses recursos tecnológicos surgem como alternativa quando os métodos convencionais não funcionam; podem ser usados em tratamentos de transtornos de ansiedade, diferentes fobias, processos de reabilitação funcional e mais. Estudos indicam que as ferramentas de RV e RA têm se mostrado eficientes nessa missão.
Como funciona a terapia com realidade virtual?
Na simulação controlada dos ambientes de RV, o paciente com trauma psicológico é exposto virtualmente às situações adversas que lhe causam medo. A imersão se dá por meio de headsets, como nos video games.
A diferença é o acompanhamento de um profissional qualificado para a terapia de exposição, o qual pode usar técnicas de relaxamento enquanto orienta o indivíduo durante a inserção no espaço controlado. Com essa experiência visual e sonora, o processo de cura acaba se acelerando.
A terapia com realidade virtual é usada para tratar medo de altura, medo de dirigir, medo de avião, medo de falar em público e muitas outras fobias, além de auxiliar no controle da dor. Transtorno de estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) são mais dois exemplos de doenças tratáveis com a ajuda do mundo virtual.
Há ainda a possibilidade de utilizar a tecnologia para a reabilitação cognitiva e física de pessoas com limitações motoras relacionadas a doenças ou acidentes. Diante da exposição a estímulos de movimentos naturais e em contextos com os quais o paciente está acostumado, o cérebro responde de modo mais rápido.
Cuidados necessários
O uso da realidade virtual na terapia deve ser pautado por cuidados éticos e técnicos para que a ferramenta se mostre eficiente, incluindo a utilização restrita a terapeutas qualificados e a adequação do problema apresentado pelo paciente ao método tecnológico. Caso contrário, a tecnologia servirá apenas como forma de entretenimento.
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Além disso, há a chance de os recursos de RV e RA piorarem o quadro clínico, por meio da exposição a situações de estresse elevado. No caso de traumas associados a estupro, por exemplo, esse tratamento não é indicado. Também deve haver restrições para pessoas com labirintite e epilepsia, em virtude de indisposições causadas pelo uso dos óculos 3D.
Fontes: Velip, Pebmed, Forbes