O câncer de colo de útero é um dos mais frequentes no Brasil, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A grande incidência se dá mesmo com a facilidade de detecção pelo exame Papanicolau e pelos métodos de prevenção disponíveis, tornando-o um dos principais desafios para as autoridades de Saúde.
Também conhecida como câncer cervical, a doença é um dos tipos de câncer ginecológico com mais de 32 mil novos casos registrados por ano, envolvendo apenas os tumores malignos no colo do útero, no corpo do útero (endométrio) e nos ovários. O número representa 13,2% de todos os diagnósticos.
Com 17 mil novos registros previstos para 2023, o tumor no colo do útero é causado principalmente pelo contato com o vírus do papiloma humano (HPV), mas isso nem sempre resulta na doença. Outros fatores são necessários, como baixa resistência imunológica, alterações genéticas e infecções.
Se associado aos demais fatores, o vírus HPV pode gerar alterações nas células do colo do útero, as quais tendem a causar lesões pré-cancerosas na parte inferior do órgão. A detecção e o tratamento na fase inicial são primordiais para evitar a evolução do quadro.
Públicos mais afetados
Apontado como o terceiro tumor maligno mais frequente em brasileiras, excluindo-se o câncer de pele não melanoma, o câncer de colo de útero é diagnosticado no exame preventivo. De acordo com o Inca, há chance de cura em quase todos os casos, reforçando a importância da realização periódica do Papanicolau.
No entanto, a baixa procura pelo exame dificulta o diagnóstico precoce. Uma pesquisa feita pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) aponta que a falta de vontade é o principal motivo para as pessoas não realizarem o procedimento, seguido por vergonha ou constrangimento e falta de conhecimento.
Um levantamento da Fundação do Câncer indica que o câncer e a lesão precursora acometem principalmente mulheres negras. Além disso, a maioria dos diagnósticos (61,6%) ocorre em pessoas com baixo grau de escolaridade ou nenhum estudo.
A pesquisa também mostrou que a Região Norte tem a maior incidência e o maior número de mortes por câncer de colo de útero. Outro dado relevante é a demora para iniciar o tratamento após o diagnóstico, com 65,8% de pacientes aguardando 60 dias ou mais para começar a terapia.
Prevenção e controle
Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma meta ousada para que o câncer de colo de útero deixe de ser considerado um problema de saúde pública. A entidade pretende reduzir o número de diagnósticos abaixo do limiar de quatro casos para cada 100 mil mulheres, anualmente, até 2030.
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O plano inclui intervenções como a vacinação contra o HPV em meninas de 9 anos a 13 anos. Educação sobre práticas sexuais seguras, promoção do uso e fornecimento de preservativos, advertências sobre tabagismo e testes para detecção de células anormais ou lesões pré-cancerosas são algumas das outras ações recomendadas.
Fonte: Medicina S/A, INCA, Femama, OPAS