Vacina contra HPV diminui 90% dos casos de câncer

18 de janeiro de 2022 5 mins. de leitura
Campanhas de vacinação contra papilomavírus humano (HPV), iniciadas em 2008, estão diminuindo drasticamente as ocorrências de câncer de colo de útero no Reino Unido

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O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de tumor maligno que mais mata mulheres no Brasil — atrás do câncer de mama e do colorretal. São mais de 16 mil diagnósticos anuais, com cerca de 7 mil mortes pela doença. 

No mundo, são mais de 340 mil mortes anuais, sendo 90% delas em países de baixa ou média renda. Contudo, o câncer de colo de útero (também chamado de câncer cervical) pode ser prevenido com vacinas amplamente disponíveis: um estudo realizado no Reino Unido mostrou que o número de casos pode cair até 87% com a imunização.

Não que exista uma vacina contra o câncer, mas sim contra o agente causador desses tumores: papilomavírus humano (HPV). Ele é sexualmente transmissível, pelo contato de pele com pele — não é preciso haver penetração para a contaminação. Uma vez que a pessoa esteja contaminada, o HPV é combatido pelo próprio sistema imunológico, sendo que 9 em cada 10 infecções some em menos de dois anos. Mas, se isso não acontecer — e a pessoa permanecer infectada — as lesões podem evoluir para o câncer. 

Nesse sentido, há duas observações importantes. A primeira é que existem mais de 200 tipos de HPV — os que mais acarretam câncer são o 16 e 18, sendo que o 6 e o 11 também são comuns e geram outras doenças. 

Além disso, o papilomavírus humano pode causar tumores em outras partes do corpo, como vulva, vagina e períneo. Também pode atingir a cabeça, pescoço e ânus, pelo sexo anal ou oral. Assim, pode inclusive afetar homens, provocando até mesmo câncer no pênis. Em contrapartida, somente o câncer de colo de útero pode ser rastreado ao HPV, enquanto os outros podem ter várias causas. 

O câncer de colo de útero é comum em mulheres e é o único que pode ser diretamente ligado ao HPV. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
O câncer de colo de útero é comum em mulheres e é o único que pode ser diretamente ligado ao HPV. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Vacina é eficaz contra HPV

As vacinas contra o papilomavírus humano surgiram no final dos anos 2000. Uma ampla campanha de imunização em massa começou no Reino Unido em 2008. Foi com dados de saúde desse país que o estudo, publicado em novembro pela revista científica The Lancet, chegou ao dado de 87% menos casos de câncer de colo de útero entre mulheres vacinadas. 

O artigo analisou registros de 2006 a 2019, de mulheres entre 20 e 64 anos — e descobriu que a vacina é mais eficaz se aplicada mais cedo. Entre mulheres na faixa dos 20 anos, o índice de câncer de colo de útero diminuiu 87% para aquelas que foram vacinadas entre os 12 e 13, 64% para imunizadas dos 14 aos 16 e 34% para quem tomou suas doses entre 16 e 18 anos. Como o vírus é transmitido sexualmente, é importante ter imunidade antes do início da vida sexual. 

Mesmo que a eficácia da imunização diminua com o passar do tempo, ela é recomendada às mulheres até os 45 anos — bem como para os homens entre 9 e 26. Outros métodos para prevenção do HPV incluem o uso de preservativos e cuidados com a imunidade em geral — como evitar o tabagismo. 

A imunização auxilia bastante na luta contra o papilomavírus humano, principalmente quando aplicada antes do início da vida sexual. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
A imunização auxilia bastante na luta contra o papilomavírus humano, principalmente quando aplicada antes do início da vida sexual. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Exames continuam sendo importantes contra o câncer

Como dito, a maioria das infecções pelo papilomavírus humano é contida pelo próprio sistema imunológico. O verdadeiro problema é quando as infecções persistem, por conta da genética, imunidade ou comportamento sexual. Ao longo do tempo, podem surgir lesões, que evoluem para o câncer — seja no colo do útero, o mais comum, ou em outras partes do corpo.

Nesse cenário, podem passar 10 anos entre o primeiro contato com o vírus e o surgimento dos sintomas do câncer de colo de útero. Eles incluem sangramentos, corrimentos e dores. Sendo assim, outra ferramenta importante na luta contra essa doença são os exames preventivos, que detectam alterações antes do câncer. O papanicolau é o mais comum desses procedimentos e deve ser realizado por todas as mulheres, mesmo vacinadas. 

A vacinação é uma grande aliada na prevenção dessas milhares de mortes anuais pelo câncer cervical — e ela pode ser feita gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante mais comum é o bivalente (contra os HPV 16 e 18, maiores causadores da doença). O quadrivalente (que também protege contra os tipos 6 e 11, que causam lesões menos graves), foi lançado há alguns anos e têm se tornado mais comum. Em clínicas particulares, as vacinas custam entre R$ 400 e R$ 600. 

Fonte: The Guardian, BBC, Mayo Clinic, Deutsche Welle.

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