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Segundo um levantamento publicado em abril de 2021 pela Revista de Saúde Pública, a detecção precoce do câncer de mama no Brasil foi diretamente afetada pela pandemia de covid-19.
Conforme mostra a pesquisa, diversas mulheres entre as idades de 50 e 69 anos — faixa etária de maior risco, segundo o Ministério da Saúde — não realizaram os exames recomendados para realizar o diagnóstico da doença.
Entre 2019 e 2020, o volume no número de mamografias realizadas entre essa faixa caiu cerca de 42%, sendo que o documento também cita uma redução de 800 mil exames, o que deverá gerar um grande impacto no futuro da saúde.
Queda no volume de exames
Considerando as estimativas da taxa de detecção obtidas por meio das mamografias digitais no passado — sendo cinco casos detectados para cada mil exames —, a baixa em 2020 pode significar que mais de 4 mil casos de câncer de mama deixaram de ser diagnosticados desde o começo da crise pandêmica.
Esse número pode ser um indicativo de mais trabalho para clínicas e hospitais no futuro. “Isso representa uma sobrecarga em potencial da doença para os próximos anos”, explicou a mastologista Jordana Bessa durante o estudo. A recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres com idade entre 50 e 69 anos realizem a mamografia de rastreamento a cada 2 anos.
Análise de tempo e regional
O documento apresentado pela Revista de Saúde Pública teve como base de análise informações coletadas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), que fornecem números detalhados sobre cada estado do Brasil. Apesar de algumas variações dependendo da localidade, a realização de mamografias caiu na maior parte do País.
Durante a campanha do Outubro Rosa, a queda foi amenizada, porém, mesmo assim, não conseguiu voltar à normalidade. Em explicação à BBC News, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) explicou que as mamografias jamais foram suspensas durante a pandemia e a recomendação é de que as mulheres sigam buscando acompanhamento médico e os devidos cuidados.
Rastreamento da doença
Durante o primeiro trimestre de 2021, a busca por exames foi ainda menor do que em 2020 e 2019. Para piorar a situação, diversas mulheres que apontaram a existência de um nódulo benigno ou maligno nos questionários prévios, em 2020, pararam de ir ao médico.
Em 2019, esse volume era de 137.570, mas caiu para 89.408 no ano seguinte. Sendo assim, praticamente 50 mil mulheres com nódulos detectados deixaram de fazer exames desde o início da pandemia.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em parceria com a farmacêutica Pfizer, com 1,4 mil mulheres a partir dos 20 anos de idade, detectou que 62% das mulheres estão esperando a pandemia acabar para retomar as consultas médicas e os exames de rotina para detecção do câncer de mama.