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O coronavírus pode se reativar após a recuperação?

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Autoridades da Coreia do Sul informaram que testes realizados em pelo menos 116 pacientes que foram considerados curados da covid-19 resultaram em positivo para o novo coronavírus. A possibilidade gerou preocupação internacional, com o temor de que o vírus possa permanecer ativo por mais tempo ou tenha capacidade de se reativar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está investigando os casos para entender melhor o comportamento da doença. As diretrizes do órgão indicam que um paciente pode receber alta do hospital após dois resultados negativos para covid-19 realizados de forma consecutiva com pelo menos 24 horas de intervalo. Os estudos atuais apontam que o período entre o início dos sintomas e a recuperação clínica é de aproximadamente duas semanas em pacientes com manifestações leves da covid-19, que representam a maioria dos casos.

Os anticorpos são produzidos pelo organismo por volta do décimo dia de infecção. Em teoria, essa resposta imune deveria ser capaz de impedir novas reações do mesmo vírus durante um tempo ainda indefinido.

Qual a possibilidade de o coronavírus se reativar

(Fonte: Shutterstock)

Na Coreia do Sul, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (KCDC) descobriu indícios da possibilidade de o coronavírus se reativar mesmo depois de a pessoa apresentar sinais de cura da covid-19. Alguns dos pacientes que testaram positivo novamente não tiveram sintomas, enquanto outros registraram febre e problemas respiratórios.

Pesquisadores do KCDC foram enviados para Daegu, cidade que concentra mais de 60% das pessoas infectadas pelo novo coronavírus no país, para investigar por que os pacientes estavam testando positivo novamente.

De acordo com o órgão, ainda que os infectados não voltem a apresentar sintomas, há o risco de que continuem transmitindo a doença, por isso as autoridades sul-coreanas recomendam cautela no retorno à casa ou ao trabalho para quem recebeu alta do hospital, enquanto novas pesquisas estão sendo realizadas.

Especialistas sugerem que testes inconsistentes podem ser um dos motivos pelos quais os pacientes que tiveram resultados negativos podem ter apresentado resultados positivos posteriormente. Ainda há a probabilidade de vírus remanescentes ou resquícios do RNA viral estarem no organismo, sem significar que os indivíduos estejam novamente com a doença ou possam oferecer risco à saúde de outras pessoas.

Casos de reinfecção de covid-19 em pacientes chineses

(Fonte: Shutterstock)

Outra possibilidade é a reinfecção pelo novo coronavírus. Um estudo realizado na cidade de Shenzhen, no sul da China, com 262 pessoas recuperadas da covid-19, descobriu-se que 15% apresentaram resultado positivo após receberem alta. Os testes foram realizados para reação em cadeia de polimerase (PCR), atualmente o padrão ouro para detectar o vírus. A pesquisa aponta alguns indícios em direção à probabilidade de reinfecção, mas ainda precisa ser revista por outros cientistas.

Reinfecção e reativação são diferentes. A pessoa reinfectada se recupera completamente da doença inicial e é acometida pelo vírus novamente. A reativação, por sua vez, ocorre quando um vírus passa da fase inativa do seu ciclo de vida para uma fase ativa, na qual começa a fazer cópias de si mesmo, como o vírus da herpes. Todavia não há evidências científicas que comprovem essa capacidade nos coronavírus.

Ainda não está claro se as reativações relatadas na Coreia do Sul são diferentes das reinfecções apontada na China. Existe a possibilidade de as situações serem provocadas pelo mesmo motivo. Nos dois casos, estudos mais aprofundados são necessários para identificar a causa dos testes positivos após a cura.

Quem pega covid-19 fica imune à doença?

(Fonte: Shutterstock)

Por enquanto, a ciência não sabe muito sobre a capacidade de os humanos desenvolverem imunidade contra o novo coronavírus e quanto tempo demoraria essa proteção. Em experimentos, macacos infectados foram capazes de produzir imunidade e não foram atingidos novamente após a cura.

No caso de humanos, o organismo pode desenvolver anticorpos neutralizantes capazes de se ligarem ao coronavírus e torná-lo inativo, bloqueando uma possível infecção. Ainda que isso não aconteça com todos os pacientes, apenas uma minoria é incapaz de produzir anticorpos; para a maioria, a infecção causada pela covid-19 gera uma resposta imune do corpo.

Especialistas apontam que a infecção causada por outros coronavírus pode gerar uma imunidade contra o tipo específico de vírus por meses e até anos. Contudo, ainda é preciso descobrir exatamente como o mecanismo atua para proteger o corpo humano no caso do novo coronavírus e saber quanto tempo duraria essa proteção.

A resolução dessas questões pode gerar resposta para outra grande pergunta sobre a duração da crise causada pela covid-19: a pandemia pode continuar sendo disseminada pelo mundo em ondas, atingido um mesmo país diversas vezes?

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Fontes: ScienceFriday, Reuters, Pfarma, Reuters, OMS, KCDC, Fleury.

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