Desde a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro – as maiores metrópoles do País – se tornaram epicentros da covid-19. Não demorou muito para que o número de casos escalasse de forma acelerada e posicionasse a nação sul-americana em segundo lugar no ranking de casos da doença.
Apesar de os Estados Unidos ainda estarem na frente no que se refere às estatísticas, os brasileiros sofrem em maior escala que os americanos por conta de um fator que pode ser primordial para a propagação da infecção: a disparidade social. O País tem uma enorme quantidade de comunidades, onde a pobreza é um problema ainda maior durante a pandemia.
Pelas vielas dos morros cariocas, a enorme concentração de pessoas gera um alerta para a proporção que o vírus ainda pode alcançar no Sudeste do Brasil. Em 2010, o governo do Rio de Janeiro encomendou a pesquisa Censo das Favelas, que indicava que mais de 100 mil pessoas habitavam os 93 hectares da favela da Rocinha — considerada a maior da capital.
Nesse contexto, como evitar que o vírus fique longe das comunidades e o País consiga reduzir a curva de contaminação nos próximos meses? Esse é um dos desafios com os quais o Governo Federal precisará lidar durante a pandemia.
Pandemia vs. escassez de renda
As recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que se instalassem medidas de isolamento social acabaram sendo responsáveis por grandes impactos econômicos na sociedade. E a falta de dinheiro no bolso tem pesado ainda mais para as populações de baixa renda.
Apesar da aprovação do auxílio emergencial de R$ 600 pela União para as famílias necessitadas, o valor menor que os R$ 1.045 definidos como salário-mínimo para 2020 tem feito com que muitos dos moradores de comunidade precisem se arriscar nas ruas para completar a renda.
Com contas de água, luz e alimentação para pagar, a população mais necessitada do Brasil tem se exposto à covid-19. E, assim, o vírus passa a se espalhar com facilidade pelos ambientes apertados das favelas. Em maio, as comunidades cariocas já registravam o terceiro maior número de mortes por coronavírus no estado – ultrapassando Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Os números da Prefeitura do Rio de Janeiro indicavam para mais de 422 casos e 81 óbitos pelas residências dos complexos habitacionais da cidade. A vulnerabilidade social e o alto índice de subnotificações têm gerado um ambiente de incerteza quanto ao real impacto local.
O coronavírus como transformação social
Se por um lado existe um crescente temor quanto ao futuro da pandemia nas favelas e comunidades, o momento também desperta uma série de ações sociais para apoiar o cotidiano da população de baixa renda.
A plataforma de matchfunding Enfrente selecionou cerca de 290 entre 700 ações periféricas para estarem aptas a receber um financiamento coletivo e privado. E foi onde acabou surgindo a ideia do projeto “Conexões Contra o Covid”, que pretende apoiar cerca de 500 famílias em situação de vulnerabilidade na Grande São Paulo.
De todas as propostas recebidas pela plataforma, o “Conexões Contra o Covid” foi a iniciativa com a maior visibilidade. Com mais de 10 mil apoiadores, o projeto conseguiu levantar cerca de R$ 6,4 milhões para a instalação de pontos de internet nas comunidades paulistas da região da Ocupação Memorial de Aires.
A campanha “SOS Favela”, no Rio de Janeiro, é outra ação voltada a ajudar os mais necessitados durante a pandemia. O Flamengo foi uma das instituições que apoiaram a campanha, com arrecadação de mais de R$ 100 mil.
Ao longo do projeto, foram distribuídas cerca de 1,7 mil cestas básicas e 7,5 mil embalagens de álcool em gel para 31 comunidades da cidade. Além disso, a equipe esportiva criou a iniciativa “Nação Solidária”, na qual realizou doações de cartões alimentícios, máscaras e álcool em gel para os ambulantes que trabalham perto das imediações do estádio do Maracanã.
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Fonte: Forbes, Estadão.