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O laboratório público brasileiro Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está negociando os termos de um acordo com a farmacêutica norte-americana Merck, Sharp e Dohme (MSD) para fabricar uma pílula anticovid, que seria distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O medicamento, tomado por via oral e feito com o composto molnupiravir, seria usado para tratar os sintomas da doença nos primeiros dias, diminuindo o índice de hospitalização e morte pela covid-19. No momento, o remédio está na fase 3 dos testes clínicos — fase em que se analisa a eficácia do medicamento — e tem mostrado bons resultados, com eficácia consistente para as variantes delta, gama e mu do vírus; um dos ensaios, inclusive, está sendo realizado no Brasil.
Acordos em estudo e uso emergencial
Embora os artigos sobre os testes não tenham sido publicados ou revisados, os bons resultados levaram a farmacêutica MSD a pedir a autorização para uso emergencial do molnupiravir nos Estados Unidos, no dia 11 de outubro. Acredita-se que o mesmo pedido deve ser feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nas próximas semanas.
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Enquanto isso, a Fiocruz está em conversa com a farmacêutica americana sobre uma possível fabricação do remédio em solo nacional, usando o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), no Rio de Janeiro. Os detalhes do acordo ainda não foram divulgados, a Fiocruz disse apenas, em nota, que está em “diálogo avançado com a farmacêutica americana” para definir “um modelo de cooperação técnica” e também diz que pode usar o remédio em estudos futuros para dengue e chikungunya.
Caso o acordo realmente seja firmado, como ocorreu com a AstraZeneca para fabricação de uma das vacinas em uso no Brasil, é indispensável conseguir aprovação da Anvisa para o uso do medicamento. Já a distribuição pelo SUS depende de outro órgão, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que avalia se o remédio é favorável para a saúde pública do país; isso leva em conta não apenas a eficácia e segurança, mas também análises financeiras.
Remédios dão reforço à luta contra covid-19
Segundo os testes já realizados pela MSD com o molnupiravir, o remédio deve ser tomado duas vezes ao dia, durante os cinco primeiros dias dos sintomas. Ele atua para impedir que o vírus Sars-CoV-2 se replique no organismo, evitando quadros graves de covid e a necessidade de hospitalização, bem como o risco de morte.
Os dados divulgados até agora demonstram uma eficácia de 50% nesse sentido e, dessa forma, mesmo que limitada, a atuação do molnupiravir salvaria muitas vidas. O remédio poderia até ser administrado em pessoas possivelmente expostas ao vírus, como medida profilática, contudo, é importante observar que ele não serve como substituição à vacina, e sim como um complemento à estratégia de enfrentamento da covid-19.
Atualmente, apenas o remdesivir tem a aprovação da Anvisa como tratamento para a covid-19 em pacientes graves. As empresas Roche e Pfizer também estão em fase de testes de antivirais contra o Sars-CoV-2, embora o estudo da MSD esteja mais avançado. Estima-se que os remédios sejam aprovados e possam ser utilizados a partir de 2022.
Fonte: Estadão, Fiocruz.