Covid-19: Fiocruz pode produzir medicamento para tratamento - Summit Saúde

Covid-19: Fiocruz pode produzir medicamento para tratamento

18 de outubro de 2021 4 mins. de leitura

Laboratório público brasileiro está em negociações com a farmacêutica MSD, que está na fase 3 dos testes com o molnupiravir

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O laboratório público brasileiro Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está negociando os termos de um acordo com a farmacêutica norte-americana Merck, Sharp e Dohme (MSD) para fabricar uma pílula anticovid, que seria distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

O medicamento, tomado por via oral e feito com o composto molnupiravir, seria usado para tratar os sintomas da doença nos primeiros dias, diminuindo o índice de hospitalização e morte pela covid-19. No momento, o remédio está na fase 3 dos testes clínicos — fase em que se analisa a eficácia do medicamento — e tem mostrado bons resultados, com eficácia consistente para as variantes delta, gama e mu do vírus; um dos ensaios, inclusive, está sendo realizado no Brasil. 

A farmacêutica norte-americana MSD encabeça testes do molnupiravir (Imagem: Wikimedia Commons)
A farmacêutica norte-americana MSD encabeça testes do molnupiravir. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Acordos em estudo e uso emergencial

Embora os artigos sobre os testes não tenham sido publicados ou revisados, os bons resultados levaram a farmacêutica MSD a pedir a autorização para uso emergencial do molnupiravir nos Estados Unidos, no dia 11 de outubro. Acredita-se que o mesmo pedido deve ser feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nas próximas semanas. 

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Enquanto isso, a Fiocruz está em conversa com a farmacêutica americana sobre uma possível fabricação do remédio em solo nacional, usando o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), no Rio de Janeiro. Os detalhes do acordo ainda não foram divulgados, a Fiocruz disse apenas, em nota, que está em “diálogo avançado com a farmacêutica americana” para definir “um modelo de cooperação técnica” e também diz que pode usar o remédio em estudos futuros para dengue e chikungunya.

Caso o acordo realmente seja firmado, como ocorreu com a AstraZeneca para fabricação de uma das vacinas em uso no Brasil, é indispensável conseguir aprovação da Anvisa para o uso do medicamento. Já a distribuição pelo SUS depende de outro órgão, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que avalia se o remédio é favorável para a saúde pública do país; isso leva em conta não apenas a eficácia e segurança, mas também análises financeiras.

Uso do molnupiravir no Brasil depende de aprovação da Anvisa (Imagem: Agência Brasil/EBC)
Uso do molnupiravir no Brasil depende de aprovação da Anvisa. (Fonte: Agência Brasil/EBC/Reprodução)

Remédios dão reforço à luta contra covid-19

Segundo os testes já realizados pela MSD com o molnupiravir, o remédio deve ser tomado duas vezes ao dia, durante os cinco primeiros dias dos sintomas. Ele atua para impedir que o vírus Sars-CoV-2 se replique no organismo, evitando quadros graves de covid e a necessidade de hospitalização, bem como o risco de morte. 

Os dados divulgados até agora demonstram uma eficácia de 50% nesse sentido e, dessa forma, mesmo que limitada, a atuação do molnupiravir salvaria muitas vidas. O remédio poderia até ser administrado em pessoas possivelmente expostas ao vírus, como medida profilática, contudo, é importante observar que ele não serve como substituição à vacina, e sim como um complemento à estratégia de enfrentamento da covid-19. 

Atualmente, apenas o remdesivir tem a aprovação da Anvisa como tratamento para a covid-19 em pacientes graves. As empresas Roche e Pfizer também estão em fase de testes de antivirais contra o Sars-CoV-2, embora o estudo da MSD esteja mais avançado. Estima-se que os remédios sejam aprovados e possam ser utilizados a partir de 2022. 

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Fonte: Estadão, Fiocruz.

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