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Gravidez: gene influencia resposta dos bebês à poluição do ar

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A poluição do ar pode afetar de forma negativa a gravidez, levando ao parto prematuro, baixo peso do bebê ao nascer, risco de ele desenvolver asma, anomalias congênitas e outros problemas que podem acompanhá-lo durante a vida toda.

As partículas poluentes mais finas são capazes de passar pelos pulmões da pessoa grávida, que funciona como um filtro do ar, cair na corrente sanguínea e chegar até a placenta. Lá, podem alterar a troca de fluxo de sangue e nutrientes. Contudo, o mecanismo exato que afeta a relação entre gestante e feto ainda não era conhecido.

A genética pode ter um papel importante nesse processo, de acordo com um novo estudo publicado na revista Antioxidants, em abril. Cientistas da Texas A&M University e da University of Florida (Estados Unidos) investigaram como o fator nuclear eritroide 2 relacionado ao fator 2 (NRF2) influencia o sistema imunológico e a resposta dos fetos aos poluentes.

O papel do gene NRF2

NFR2 regula a função de mais de 2 mil genes. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O gene NFR2 é responsável por induzir uma rede de enzimas capazes de promover a defesa celular e está presente em diferentes espécies de animais. A proteína, além de funcionar como regulador da resistência celular a oxidantes, tem um papel na regulação do metabolismo mitocondrial, ligado à função de produção energética a partir da respiração.

Estudos anteriores indicam que o NFR2 pode estimular a proteção celular em situações diversas. Em 2021, pesquisadores da Tokyo University of Science descobriram o papel protetor do fator genético com relação à acrilamida, uma substância presente em alimentos expostos a altas temperaturas e que pode causar câncer.

Outra pesquisa de cientistas japoneses também havia apontado a relação da presença do NFR2 no material genético com uma melhor resposta do organismo às inflamações alérgicas em vias aéreas de camundongos expostos a partículas de exaustão de diesel de baixa dose em um experimento de laboratório.

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Pesquisa com bebês camundongos

Gene foi capaz de proteger desenvolvimento do feto mesmo com exposição direta a poluentes. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Para avaliar o efeito da exposição à poluição sobre o desenvolvimento dos bebês durante a gravidez, os pesquisadores utilizaram modelos de camundongos em gestação separados em grupos por tipos genéticos e exposição a poluentes:

O estudo demonstrou que a falta do gene causou efeitos inibitórios de crescimento observados tanto no grupo de animais que recebeu o ar filtrado quanto no que recebeu diretamente à poluição. No entanto, os camundongos com a presença de NRF2 que foram expostos às partículas de poluentes não tiveram o desenvolvimento afetado.

A pesquisa concluiu que a falta de NRF2 associada à exposição à poluição durante a gravidez prejudicou a diferenciação de linfócitos T CD4+ para Th2, responsáveis por ativar as células B. Com isso, a exposição materna à poluição acabou afetando as respostas imunes dos bebês e gerando um desequilíbrio no metabolismo de oxigênio, capaz de influenciar no desenvolvimento do feto.

Quer saber mais? Assista aqui a opinião dos nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fontes: NRF2 Protects against Altered Pulmonary T Cell Differentiation in Neonates Following In Utero Ultrafine Particulate Matter Exposure; Genetic ablation of Nrf2 exacerbates neurotoxic effects of acrylamide in mice; Nrf2 is closely related to allergic airway inflammatory responses induced by low-dose diesel exhaust particles in mice; Tuverson e at all. Transcriptional Regulation by Nrf2.

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