Transtornos alimentares, ainda que sejam geralmente vistos em adolescentes e jovens adultos, podem ocorrer em qualquer idade, e existem alguns fatores que tendem a aumentar a suscetibilidade de uma pessoa os desenvolver. É isso que afirma um estudo recente publicado no Menopause Journal, em que cientistas descobriram que as alterações hormonais de pessoas que estão passando pela perimenopausa podem ser um fator de risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares.
Segundo os pesquisadores, sintomas frequentes da perimenopausa ligados à oscilação hormonal, como depressão, fadiga e irritabilidade, tendem a aumentar a vulnerabilidade aos transtornos alimentares, sendo a insatisfação com o próprio corpo o principal gatilho.
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Embora análises mais amplas sejam necessárias para entender mais a fundo quão suscetíveis as pessoas de meia-idade estão aos distúrbios alimentares, a pesquisa destacou a relevância da insatisfação corporal como fator de risco para essas doenças. O estudo descobriu que os principais sintomas nessa faixa etária são o medo de ganhar peso e de perder o controle dos hábitos alimentares, o que leva à contagem excessiva de calorias e ao consumo exclusivo de alimentos dietéticos.
O que é perimenopausa?
Apesar do nome similar, perimenopausa e menopausa não são a mesma coisa. Enquanto a menopausa se refere ao período em que a pessoa não está mais menstruando — e, portanto, não é mais fértil —, a perimenopausa é a transição até essa fase, já que o prefixo “peri” vem do grego e significa “em torno de”.
De acordo com a comunidade médica, a menopausa se inicia quando se completa um ano desde a última menstruação. Já a perimenopausa, que é a fase de transição, não tem duração exata, podendo variar de alguns meses a oito anos — sendo que a média é de cerca de quatro anos. Da mesma forma, não existe uma idade definida para o início da perimenopausa. Em geral, a irregularidade menstrual começa a aparecer a partir dos 47 anos, mas essa não é uma regra.
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A irregularidade menstrual é acompanhada da oscilação dos níveis hormonais, especialmente dos hormônios estrogênio e progesterona, responsáveis por diversas regulações físicas e emocionais.
Por isso, sintomas como ondas de calor, suor excessivo, dificuldade para dormir, esquecimento frequente, alterações de humor, cansaço, secura vaginal e aumento de gordura abdominal são bastante frequentes durante essa fase — o que pode aumentar o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, conforme o estudo do Menopause Journal.
O que são transtornos alimentares?
Os transtornos alimentares são condições de saúde mental sérias ligadas a disfunções no comportamento alimentar e da imagem corporal e que estão diretamente associadas à alta mortalidade e morbidade. Os distúrbios mais conhecidos são anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar para tratar qualquer um deles.
Essas doenças são mais comuns do que se imagina. De acordo com uma pesquisa publicada em 2019 no JAMA Network, a prevalência estimada de transtornos alimentares até os 40 anos é de uma a cada cinco mulheres (19,7%) e de um a cada sete homens (14,3%).
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Ao longo da vida, a estimativa é de que 13% das mulheres possam desenvolver um distúrbio alimentar em algum momento, o que se aproxima de uma a cada dez. Entre as mulheres de meia-idade, a prevalência de transtornos alimentares é de cerca de 3,5%, enquanto alguns sintomas chegam a atingir 29,3% delas.
Por isso, o estudo publicado recentemente pelo Menopause Journal reforça a necessidade de se pensar em estratégias de combate e prevenção aos distúrbios alimentares não só para jovens e adolescentes, mas também para pessoas mais velhas.
Fonte: Instituto de Psiquiatria do Paraná