Síndrome do Olho Seco: qual é a sua relação com a menopausa?

8 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
Alterações hormonais propiciam o surgimento de doenças oculares

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A menopausa é um período de várias transformações no corpo da mulher, causadas pelo declínio natural da produção de hormônios pelos ovários. Além da perda de cálcio dos ossos, diminuição da libido e ganho de peso, esse processo também pode afetar a saúde dos olhos.

Um dos problemas de visão relacionados à menopausa é a Síndrome do Olho Seco, uma anomalia na produção ou na quantidade de lágrimas, que provoca o ressecamento da superfície ocular, da córnea e da conjuntiva. Composto de água, proteínas, sais minerais e gordura, o filme lacrimal limpa, lubrifica e protege o olho das ações de substâncias estranhas.

Com a função reduzida das glândulas nas quais as lágrimas são produzidas, os olhos acabam ficando mais secos e irritados. A partir daí, surgem sintomas como distúrbio visual, sensação de areia nos olhos, coceira, ardor, vermelhidão e maior sensibilidade à luz.

A coceira nos olhos é um dos sinais da doença. (Fonte: Shutterstock/fizkes/Reprodução)
A coceira nos olhos é um dos sinais da doença. (Fonte: Shutterstock/fizkes/Reprodução)

Estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos indicam que a condição acomete principalmente as mulheres na menopausa e em pós-menopausa. A taxa das mulheres com mais de 50 anos afetadas pela síndrome chega a quase o dobro dos homens na mesma faixa etária que apresentam o problema — 7% delas contra 4% deles.

A influência da baixa hormonal

Assim como acontece em relação a alguns outros sintomas da menopausa, a causa do olho seco nas mulheres acima dos 50 anos estaria associada à queda nos níveis hormonais. Essa redução é prejudicial à composição das lágrimas e aos tecidos oculares.

O equilíbrio entre produção lacrimal, evaporação, drenagem, vitalidade das células epiteliais da córnea e o status imunológico é essencial para a boa saúde da superfície ocular. Porém, o mecanismo pode ser afetado pelas mudanças na produção hormonal que acontece nesta etapa da vida das mulheres, aumentando as possibilidades de surgimento da síndrome.

Usar lubrificante ocular ajuda a amenizar os sintomas do olho seco. (Fonte: Shutterstock/Kim Kuperkova/Reprodução)
Usar lubrificante ocular ajuda a amenizar os sintomas do olho seco. (Fonte: Shutterstock/Kim Kuperkova/Reprodução)

Vale destacar que a doença também pode ser causada por fatores ambientais (clima quente e seco, vento, fumaça e ar condicionado) e anormalidades nas pálpebras. O uso de determinados medicamentos, como antidepressivos, betabloqueadores e antialérgicos, e a existência de doenças autoimunes são outros fatores de risco.

Já em relação ao tratamento para olho seco na menopausa, a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) não é um consenso entre os especialistas, mas pode ajudar a aliviar os sintomas. A aplicação de lubrificantes oculares e a opção por uma dieta saudável são outras recomendações, além do acompanhamento oftalmológico, para evitar lesões que comprometam a visão.

Outras doenças oculares associadas à menopausa

O olho seco é um dos problemas oculares mais comuns entre as mulheres que chegam ao fim do período fértil, mas não o único. Outra condição é a catarata, potencializada pela redução da circulação do estrógeno, levando ao surgimento de lesões nas camadas do cristalino, com possibilidade de evolução para a doença que deixa a visão opaca.

As alterações hormonais também podem provocar o aumento da pressão intraocular e facilitar o surgimento do glaucoma, uma doença progressiva e capaz de levar à cegueira, se não tratada adequadamente. Outro distúrbio comum a essa faixa etária é a presbiopia (vista cansada), caracterizada pela dificuldade de visualizar objetos muito próximos.

Fonte: Sociedade Norte-Americana de Menopausa, PEBMED, Journal of Mid-Life Health.

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