A 4ª edição do Mental Health Summit acontece em 26 e 27 de janeiro, reunindo uma série de profissionais interessados em debater a saúde mental. Na quinta-feira (26), acompanhamos a palestra “O que não te contaram sobre o Burnout”, ministrada por Marcos Mendanha, médico e professor do Centro Brasileiro de Pós-Graduações (Cenbrap).
Mendanha iniciou a apresentação com uma reflexão sobre a sociedade atual. Segundo o especialista, existe uma busca intensa pelo alto desempenho em qualquer atividade realizada, na vida profissional e fora dela.
Para mostrar os efeitos dessa pressão social em números, o palestrante exibiu dados de uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que aponta São Paulo (SP) como a cidade com maior incidência de transtornos mentais no mundo. Mendanha também chamou a atenção para os efeitos da pandemia de covid-19, que aumentaram drasticamente os casos de depressão e ansiedade em todo o planeta.
Diante dessas transformações, o especialista destacou a importância de as empresas estarem preparadas para acolher os funcionários, não tendo medo de falar sobre saúde mental e aprendendo a investir no tema para aumentar os resultados da organização.
Cansaço versus Síndrome de burnout
Para caracterizar o burnout e mostrar os efeitos dele, Mendanha diferenciou a síndrome do cansaço e de doenças mentais. Segundo ele, o cansaço faz parte do cotidiano de todo mundo e pode ser facilmente resolvido com uma noite de sono reparadora.
Já o burnout está ligado à fadiga, quando acontece o esgotamento dos recursos físicos e mentais, ocasionando grande sentimento de exaustão. De acordo com o especialista, é nesse momento que sintomas como insônia, dor, irritabilidade e ansiedade podem aparecer, ocasionando prejuízos para a saúde.
Apesar disso, o burnout não é considerado uma doença mental pela OMS, já que uma doença é caracterizada por sofrimento e prejuízo intensos, que são efeitos de patologias como depressão e ansiedade. Todavia, o especialista ressalta que o trabalho também pode adoecer colaboradores e que por esse motivo a bandeira de saúde mental precisa aparecer com mais força do que apenas o burnout, uma vez que ela engloba ambos os casos.
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Como empresas podem evitar o burnout de funcionários?
Durante a palestra, Mendanha também abordou o porquê de algumas pessoas serem mais suscetíveis a desenvolver burnout e doenças mentais no ambiente de trabalho. Segundo o psiquiatra, isso tem relação com uma série de fatores, como genética, personalidade, estrutura psicológica e sensibilidade afetiva. Por esse motivo, é ideal que as empresas desenvolvam estratégias que aliem os colaboradores ao ambiente de trabalho.
O especialista apontou seis áreas em que é preciso haver esforço da gestão.
- Carga de trabalho: é importante que as companhias deem uma carga de trabalho adequada para que o funcionário consiga desenvolver as funções dentro da jornada de trabalho de forma plena.
- Controle: as pessoas precisam ter liberdade para desenvolver as atividades a partir de mecanismos que elas mesmas criarem.
- Recompensa: faz referência tanto à questão financeira como a outros aspectos, por exemplo o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.
- Comunidade: boas relações são necessárias para que a comunidade do trabalho se mantenha forte. Comunicação não violenta e políticas contra assédio são primordiais nesse ponto.
- Equidade: é importante que todos os funcionários sejam tratados da mesma maneira, desde aspectos financeiros até de relacionamento com gestores.
- Valores: é preciso que os funcionários tenham valores similares aos da empresa, já que conflitos em relação a isso podem contribuir para o adoecimento mental.
Além disso, o especialista salientou a necessidade de todas as pessoas se preocuparem com a vida fora do ambiente de trabalho, dando espaço no cotidiano para descanso mental, sono regular suficiente, atividades físicas e vínculos sustentáveis.
Realizado pela Vittude, o Mental Health Summit é o maior evento de saúde mental para empresas do Brasil. Ele é correalizado por Creditas e Swile e tem como parceiros Infojobs e Estadão.
Fonte: Mental Health Summit 2023.