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Cigarro eletrônico pode “despertar” células que causam câncer

O cigarro eletrônico ou vape é visto, hoje, como uma das grandes ameaças na saúde pública, principalmente em países como o Brasil, onde os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) são proibidos.

Segundo pesquisas, o vape provoca diversos prejuízos à saúde, principalmente por conter, em sua maioria, nicotina — substância responsável por causar a dependência química do cigarro e dos produtos derivados do tabaco.

Um novo estudo do Instituto Francis Crick (FCI), no Reino Unido, descobriu que o cigarro eletrônico também poder “despertar” células adormecidas que causam mutações cancerígenas, podendo resultar no câncer de pulmão.

“Acho que não podemos dizer que o vape é necessariamente uma opção segura para parar de fumar. Pode ser mais seguro, mas isso não significa que seja totalmente seguro”, disse o professor Charles Swanton, cientista clínico do FCI.

“Não sabemos ao certo se o vape não causará câncer de pulmão daqui a dez anos”, ele completou em entrevista ao jornal inglês Independent.

Aliás, um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) já mostrou que os cigarros eletrônicos têm diversos riscos à saúde. De acordo com a pesquisa, pessoas que usam o dispositivo têm mais riscos de iniciar uso de cigarro convencional.

Além disso, em 2019, os cientistas nomearam a doença causada pelo produto: a evali. Esta se caracteriza por uma lesão pulmonar associada ao uso dos DEFs.

Cigarro eletrônico pode causar impactos no organismo todo, sobretudo no pulmão. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Como o estudo foi feito

Os pesquisadores queriam entender por que algumas pessoas com câncer de pulmão no Reino Unido — cerca de um em cada oito pacientes — não são fumantes, apesar de o tabagismo ser uma das principais causas da doença.

Eles usaram humanos e camundongos no estudo e mediram a exposição a partículas de poluição fuliginosas no ar, que podem causar o crescimento de células cancerígenas nos pulmões.

As evidências mostraram que a via que causa tumores em não fumantes é diferente daquelas causadas pelo tabagismo, que se acredita desencadear uma mutação direta no ácido desoxirribonucleico (DNA) que pode resultar no problema.

As descobertas sugerem que as partículas “irritantes”, como as presentes na poluição do ar, causam a inflamação, que é seguida por um processo que “desperta” células adormecidas que podem provocar mutações cancerígenas. Os pesquisadores temem que o cigarro eletrônico possa desencadear o mesmo processo.

Embora os cientistas acreditem que os medicamentos anti-inflamatórios possam ajudar a interromper o movimento que pode causar a doença, eles alertam que isso pode levar anos.

“O mecanismo que identificamos pode nos ajudar a encontrar melhores maneiras de prevenir e tratar o câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Se pudermos impedir que as células cresçam em resposta à poluição do ar, podemos reduzir o risco da doença”, disse Swanton ao jornal.

Cigarros eletrônicos contêm substâncias tóxicas que podem causar prejuízos à saúde. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Entenda os vapes

Os DEFs são produtos que aquecem um líquido para criar aerossóis que são inalados pelo usuário. Funcionam usando uma bateria e têm diferentes formatos e mecanismos, estando cada vez mais modernos e atrativos.

Os vapes têm “e-líquidos” que dão o “sabor” e que, em sua maioria, contêm substâncias tóxicas e perigosas, como a nicotina, que podem causar câncer e doenças respiratórias e cardiovasculares.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Independent, Inca

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