Crianças dos bairros de baixa renda na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos, têm apresentado problemas com o composto químico sintético Bisfenol A (BPA). De acordo com a Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, os jovens que apresentaram altos índices de BPA na urina costumam apresentar sintomas de asma durante a fase de crescimento.
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O BPA é um químico industrial utilizado desde a década de 1960 para a confecção de certos tipos de plástico e de resina. Por muito tempo, esse sintético também foi utilizado na criação de mamadeiras, mas seus possíveis efeitos fizeram com que essa linha de produção saísse do mercado. Entretanto, a exposição de crianças ao BPA ainda ocorre através de outros objetos do cotidiano.
Essa é a primeira vez que um estudo analisa os efeitos do BPA e seus substitutos Bisfenol S (BPS) e Bisfenol F (BPF) na saúde das crianças. Entenda como a pesquisa, publicada no Journal of Allergy and Clinical Immunology, pode levantar maiores preocupações quanto ao uso do químico na sociedade.
BPA e asma: qual a ligação?
Para que o estudo chegasse a alguma conclusão, os pesquisadores examinaram os dados clínicos e os exames de urina de 148 crianças negras na região de Baltimore. Segundo os dados publicados pelo jornal britânico BBC, as disparidades sociais nos Estados Unidos fazem com que a população negra seja mais suscetível aos casos de óbito por síndromes respiratórias agudas, como a asma.
Durante um ano foram feitos intervalos de três meses, nos quais a equipe de pesquisa notou que os pacientes com maiores índices de BPA na urina eram os que mais apresentavam crises severas de asma — sobretudo os meninos. Por outro lado, a aparição de BPS e BPF não se mostraram relacionados às crises da doença crônica.
Segundo o autor do documento e professor assistente Lesliam Quirós-Alcalá, da Universidade Johns Hopkins, o estudo ainda precisa se aprofundar quanto ao link entre BPA e asma, mas afirmou que os dados mostram uma nova perspectiva. “Isso é especialmente importante porque os americanos negros mostram maiores índices de asma do que os brancos e também possuem maior exposição a esse tipo de químico”, ele completou.
BPA pode atuar como agente hormonal
Um dos motivos que podem levar a aparição de asma em pacientes com alto índice de BPA é a ação hormonal do químico. Segundo a pesquisa, o Bisfenol A pode ativar os receptores de estrogênio nas células e causar uma disrupção biológica ao menor nível de exposição.
Em animais, essa ação foi responsável por aumentar a probabilidade de inflamações dentro do organismo. Além disso, outros estudos epidemiológicos demonstraram que o BPA torna mais provável a aparição de problemas cardiovasculares, diabetes e outras condições de saúde nas crianças.
As meninas, por outro lado, parecem sofrer menos com a ação do químico. Nenhuma das 63 pacientes analisadas aparentou ter qualquer ligação entre os sintomas de asma e a aparição de BPA no exame de urina.
Para os pesquisadores, as informações obtidas no estudo ainda não são conclusivas quanto aos reais malefícios do Bisfenol à saúde humana, mas abre espaço para a discussão do uso do químico na sociedade. Segundo Quirós-Alcalá, novos estudos podem demonstrar às famílias de crianças com asma que seria melhor mantê-las afastadas de produtos derivados desse sintético.
Realidade da asma no Brasil
Os dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) demonstram que uma grande parcela da população brasileira sofre de asma. A estimativa é de que pelo menos 20 milhões de brasileiros sofrem dessa doença respiratória, que é responsável por comprometer a saúde e também o cotidiano de crianças e adultos.
Conforme as informações transmitidas pelo DATASUS, banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), a enfermidade provoca cerca de 350 mil internações anuais e é a terceira maior causa de hospitalizações, com 2,3% dos casos.
Entretanto, o Brasil tem mostrado resultados positivos contra a asma. Os casos de internação por essa doença caíram 49% no País durante a última década, informou o SBPT. O principal motivo para a drástica queda nesses números seria a disponibilização de tratamentos e a distribuição de medicamentos para quadros graves da doença.
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Fontes: Mayo Clinic, Science Daily, BBC e SBPT.