As opções de métodos contraceptivos disponíveis na atualidade são, majoritariamente, voltadas às mulheres; para os homens, a forma de prevenção se resume aos preservativos ou, em casos mais extremos, à vasectomia, a qual não pode ser feita antes dos 21 anos, uma vez que a lei prevê a idade mínima para a realização do procedimento.
Diante desse cenário, pesquisadores têm feito esforços para desenvolver novos contraceptivos, focando especialmente em afetar o desenvolvimento do esperma, tratamento que pode levar meses contínuos. No entanto, um estudo atual analisou um protótipo de pílula anticoncepcional masculina que promete agir de outra forma.
A expectativa é que seja possível o uso de uma pílula não hormonal, tomada pouco antes do sexo, apenas quando necessário.
Detalhes do estudo
O estudo, conduzido por pesquisadores de Nova York (Estados Unidos) e publicado em fevereiro de 2023 na revista Nature Communications, observou a influência da enzima adenilil ciclase solúvel (sAC) no comportamento dos espermatozoides e identificou que essa proteína é essencial para a maturação e a mobilidade deles. Isso levou os pesquisadores a uma hipótese: testar a aplicação de um inibidor de sAC em camundongos, a fim de paralisar os espermatozoides.
Os dados do teste mostraram que uma única dose do inibidor foi suficiente para tornar os camundongos machos temporariamente inférteis, voltando à fertilidade total no dia seguinte. Notou-se, ainda, que o comportamento de acasalamento se manteve normal.
A droga aplicada é chamada de TDI-11861, com efeito que durou cerca de três horas nos camundongos, tendo ação que aparentou ter passado totalmente após 24 horas.
Nesse sentido, a expectativa é que, se aprovada para uso humanos em uma pílula anticoncepcional, a substância imobilize o esperma antes, durante e após o coito, de forma que haja um período de segurança para o ato sexual, com os espermatozoides “confusos” e sem conseguir nadar para chegar até o óvulo, impedindo a fecundação.
Outras análises são necessárias para complementar a fase inicial do protótipo, financiada pelo National Institutes of Health (NIH). Por ordem determinada, os testes devem prosseguir com coelhos antes que possam ser realizados em seres humanos.
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Expectativa para os próximos passos
A expectativa é que esse estudo possa levar ao desenvolvimento de um método contraceptivo não hormonal, reversível e sob demanda para homens. De acordo com os cientistas envolvidos na análise, os resultados são bastante promissores.
Sendo assim, a ideia é que homens tomem apenas quando e com a frequência necessária, exercendo o direito de decisão sobre a própria fertilidade. No entanto, é válido dizer que a pílula não protegeria contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
A ideia, portanto, é criar um método não para substituir o preservativo (que atua na proteção das ISTs), mas sim um contraceptivo verdadeiramente eficaz e que paralise a ação do esperma.
Vale dizer que, embora ainda não seja possível testar o uso da droga em humanos, os pesquisadores já fizeram testes em laboratório utilizando um esperma humano. Os resultados do teste in vitro mostraram que o inibidor de sAC funciona na amostra humana exatamente da mesma forma como agiu nos camundongos — uma conclusão bastante promissora.
Fonte: Forbes, The Sleep Doctor, CDC, Forbes, American College of Cardiology