Como funcionaria o anticoncepcional masculino?

28 de dezembro de 2022 4 mins. de leitura
Estudos sugerem que o produto pode estar disponível no mercado em 2023

Os métodos contraceptivos disponíveis para quem não deseja ter filhos são cada vez mais abundantes. Além dos preservativos e da pílula anticoncepcional, hoje a população tem acesso a diversas tecnologias para evitar a gravidez, que vão desde adesivos hormonais até a inserção de dispositivo intrauterino (DIU).

Porém, é comum que as pessoas que usam esses métodos se queixem que eles, com exceção dos preservativos masculinos, são direcionados apenas a elas, e muitas vezes são responsáveis por sérios efeitos colaterais.

Casais buscam métodos contraceptivos além dos preservativos. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Uma simples injeção

Existem vários estudos em andamento que utilizam uma grande variedade de técnicas. Um dos mais avançados é a inibição reversível do esperma sob controle, conhecido pela sigla em inglês Risug. Segundo o Instituto Indiano de Tecnologia (IIT), é possível que esse método já esteja disponível em 2023.

O Risug é um gel produzido a partir do polímero anidrido maleico de estireno, sendo injetado com uma seringa na região dos canais deferentes, que são responsáveis por levar os espermatozoides até o líquido seminal antes da ejaculação.

A presença do polímero faz que os espermatozoides tenham a cauda afetada e, assim, não possam se locomover propriamente. Dessa forma, eles não conseguiriam fecundar o óvulo. O teste da fase dois demonstrou 97% de eficácia em um universo com mais de 300 voluntários.

A comunidade científica ainda espera os resultados da fase final do estudo clínico, que deve acontecer nos próximos meses. O método é visto com bons olhos por não causar nenhuma alteração hormonal, além de poder ser facilmente revertido. Segundo os pesquisadores, uma simples solução de água com bicarbonato de sódio é capaz de dissolver o gel. Caso não haja reversão, o efeito da aplicação pode durar até 10 anos.

Método Risug utiliza seringa para aplicar o produto diretamente na região dos canais deferentes. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Outros métodos

Outro método ainda mais peculiar está sendo testado nos Estados Unidos. Conhecido pela sigla NES/T, o procedimento consiste na aplicação dos hormônios nestorone e testosterona diretamente na pele. No caso do estudo, um gel contendo os dois hormônios deve ser passado nos ombros e nos braços logo após o banho matinal.

O nestorone é um progestágeno conhecido pela capacidade de inibição da produção de espermatozoides, porém o uso pode levar a diversos efeitos colaterais. Por isso, a testosterona entra como um contraponto, fazendo que a diminuição da fertilidade não venha acompanhada de perda de libido, ganho de peso e alteração no colesterol.

O estudo também está na fase dois, então só será possível saber a eficácia real do método após as pesquisas finais serem concluídas.

Pílula masculina

Por fim, mas não menos importante, aparece a tão sonhada pílula anticoncepcional masculina. O undecanoato de dimetandrolona (DMAU) foi capaz de reduzir o nível de testosterona e de outros hormônios responsáveis pela produção de espermatozoides saudáveis.

Diferentemente de outros hormônios testados anteriormente, o DMAU não registrou queixas de efeitos colaterais graves nos estudos recentes com mais de 80 participantes, por isso as pesquisas devem avançar para a próxima fase.

Apesar de causar alterações hormonais, a pílula ganha dos concorrentes em termos de praticidade. Basta tomá-la com água, como qualquer outro medicamento, dependendo apenas de saber a regularidade, que ainda será determinada pelos estudos. Porém, entre os métodos citados, esse deve ser o que precisará de mais tempo para chegar às farmácias.

Fonte: USP, National Library of Medicine, CMCRD

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