Crianças dificilmente transmitem covid-19, indica estudo

24 de agosto de 2020 5 mins. de leitura
Novos dados dão a entender que seria seguro a reabertura das escolas para o próximo semestre

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São pequenas as chances de uma criança transmitir covid-19 para seus colegas de colégio e para outros adultos, é o que indica uma nova pesquisa da Academia Americana de Pediatria. Segundo o estudo publicado na revista Pediatrics, as novas informações dão conta de que seria seguro um retorno às aulas para o segundo semestre de 2020.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, diversas escolas pelo mundo todo paralisaram suas atividades para achatar a curva de contaminação por Sars-CoV-2. Isso fez com que o Governo Federal, através do Ministério da Educação, remarcasse o Enem — principal prova para o egresso nas universidades — para os meses de janeiro e fevereiro de 2021.

Entenda quais devem ser os próximos passos daqui para a frente e que medidas os colégios poderão adotar para continuar atendendo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de isolamento social.

Estudos demonstram transmissão baixa por crianças

Os autores do estudo Transmissão da covid-19 e jovens: a culpa não é das crianças basearam suas conclusões na análise de mais quatro estudos que relatam as taxas de propagação da doença através da população mais nova. De acordo com os especialistas em doenças pediátricas infecciosas Benjamin Lee e William Raszka, da Universidade de Vermont e autores do trabalho, os resultados obtidos foram similares em diversas partes do mundo.

Em 39 crianças infectadas com o vírus Sars-CoV-2 na Suíça, a Universidade de Genebra relatou que apenas 8% dos casos dos adultos que tiverem contato com o indivíduo em análise desenvolveram um quadro sintomático da doença. 

Já na China, nove entre dez casos de crianças que deram entrada em hospitais nos arredores de Wuhan contraíram o vírus de adultos previamente infectados. Apenas um dos relatos apontavam para contaminação de uma criança para outra. 

O mais impressionante dos estudos, porém, aconteceu na França. Um garoto com covid-19 expôs ao vírus 80 colegas de três escolas diferentes, mas nenhum acabou contraindo a doença nas semanas seguintes. De acordo com o estudo, vírus como o do Influenza aparentam ter taxas de contaminação muito maiores dentro das escolas.

Adultos são mais responsáveis por taxas de infecção

Para Raszka, as informações obtidas são suficientes para mostrar que a “culpa” da pandemia não tem sido exatamente dos mais jovens. “Depois de seis meses, nós temos uma quantidade muito rica de informações que demonstram que as crianças são menos suscetíveis a se infeccionar e também transmitem menos”, destacou o pesquisador. 

Ele ainda ressaltou que os grandes responsáveis pelas crescentes nas curvas de infectados pela covid-19 são os adultos que não seguem os protocolos de segurança. O estudo ainda demonstra que nos Estados Unidos, onde adultos têm-se aglomerado sem o uso de máscaras no Texas, os números da pandemia escalaram rapidamente.

De acordo com os pesquisadores, existem modelos matemáticos que indicam o uso de máscaras e a aplicação das medidas de isolamento social como métodos muito mais efetivos de diminuição do contágio do que o fechamento dos colégios.

Japão dá exemplo na reabertura de colégios

No Japão, colégios retomaram atividades com dias intercalados de aulas para as turmas. (Fonte: Shutterstock)
No Japão, colégios retomaram atividades com dias intercalados de aulas para as turmas. (Fonte: Shutterstock)

Para os estudiosos da Universidade de Vermont, a reabertura de escolas na Europa Ocidental e na Ásia sem um aumento considerável no número de casos de coronavírus estabelecem uma base para a segurança das operações ao redor do mundo todo.

Entre as nações que comandaram o retorno das atividades escolares, o Japão figura um dos maiores exemplos na pandemia. No país asiático, foi feito um esquema para que os dias de aula fossem alternados entre as turmas dos colégios — evitando com que vários alunos estivessem presentes no mesmo local durante o mesmo período de tempo.

Os autores defendem que a reabertura das escolas para o segundo semestre do ano serve como uma maneira de diminuir uma “deficiência social” na população mais jovem. “Ao fazer isso (reabrir as escolas) nós podemos minimizar as adversidades sociais, de desenvolvimento e de vida que as nossas crianças continuarão sofrendo até que sejam criados vacina ou tratamento eficientes”, conclui o documento.

Dessa forma, abre-se o precedente para que o governo brasileiro trabalhe em parceria com os sistemas estaduais visando achar uma maneira unificada de retomar as atividades escolares em território nacional.

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Fontes: Science Daily, Hospital Infantil Sabará, Drauzio Varella e INEP.

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