Vacina nasal previne covid-19 em teste feito em animais

16 de setembro de 2020 5 mins. de leitura
Estudos mostraram que a resposta imunológica em ratos foi mais eficiente quando aplicada via respiratória do que intramuscular

A corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra covid-19 avança em todo o mundo. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, desenvolveram uma vacina para prevenir a infecção pelo novo coronavírus que pode ser aplicada pelo nariz. 

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O estudo foi divulgado pela revista Cell e mostra resultados positivos em testes realizados em camundongos. Os cientistas descobriram que a administração da vacina por via respiratória gerou uma forte resposta imunológica em todo o corpo, mas foi particularmente eficaz no nariz e no trato respiratório, evitando a instalação da infecção e consequente contaminação de outros indivíduos.

Os testes realizados em ratos mostraram que a infecção e a disseminação da doença foi contida
Os testes realizados em ratos mostraram que a infecção e a disseminação da doença foi contida. (Fonte: Pexels)

Em comparação, a vacina administrada por meio de injeção intramuscular também gerou uma resposta imunológica, mas não preveniu a infecção no nariz e nos pulmões. Apesar de reduzir a gravidade da covid-19, com esse tipo de aplicação os indivíduos infectados continuam a espalhar o vírus contaminando outros a sua volta. 

Os pesquisadores consideram o estudo promissor, mas alertam que os testes só foram realizados em ratos. Em seguida, planejam testar a vacina em primatas e depois em humanos para avaliar se é segura e eficaz na prevenção da infecção por covid-19. 

Em entrevista ao portal ScienceDaily, o autor da pesquisa e professor de Medicina, Microbiologia Molecular, Patologia e Imunologia, Michael S. Diamond, afirmou: “ficamos surpresos ao ver uma forte resposta imunológica nas células do revestimento interno do nariz e das vias aéreas superiores, bem como uma proteção profunda contra a infecção por esse vírus. Esses ratos estavam bem protegidos de doenças e, em alguns deles, vimos evidências de imunidade esterilizante, onde não há nenhum sinal de infecção depois que o rato é infectado com o vírus”.

Diamond afirma estar otimista quanto aos resultados e próximos passos da pesquisa. “Em breve começaremos um estudo para testar essa vacina intranasal em primatas não humanos com um plano de passar para testes clínicos em humanos o mais rápido possível”, disse Diamond. 

“Estamos ansiosos para começar a próxima rodada de estudos e, finalmente, testá-la em pessoas para ver se podemos induzir o tipo de imunidade protetora que acreditamos, a qual não apenas prevenirá a infecção, mas também reduzirá a transmissão pandêmica desse vírus”, ele concluiu.

Desenvolvimento

Para desenvolver a vacina, os pesquisadores inseriram a as espículas do vírus, que o coronavírus usa para invadir células, dentro do adenovírus, que causa o resfriado comum. O adenovírus foi alterado para se tornar inofensivo, permitindo que o corpo monte uma defesa imunológica contra o vírus Sars-CoV-2 sem ficar doente. De acordo com David T. Curiel, coautor da pesquisa, a utilização do adenovírus é comum para criação de vacinas. 

Inovações

Os testes mostram que vacinas aplicadas via intramuscular não previne a disseminação do vírus
Os testes mostram que vacinas aplicadas via intramuscular não previne a disseminação do vírus. (Fonte: Pexels)

Outra inovação apresentada, além da aplicação nasal, é que a nova vacina incorpora duas mutações na espícula, estabilizando-a em uma forma específica, sendo mais propícia à formação de anticorpos contra ela. Além disso, a possibilidade de imunizar o indivíduo com apenas uma dose aumenta muito a sua eficácia. 

“Todas as outras vacinas de adenovírus em desenvolvimento para covid-19 são administradas por injeção no braço ou no músculo da coxa. O nariz é uma nova rota, então nossos resultados são surpreendentes e promissores. Também é importante que uma única dose produza uma resposta imunológica. As vacinas que requerem duas doses para proteção total são menos eficazes porque algumas pessoas, por vários motivos, nunca acabam recebendo a segunda dose”, afirmou Curiel para a Science Daily.

Embora exista uma vacina contra a gripe chamada FluMist que é administrada pelo nariz, ela usa uma forma enfraquecida do vírus da gripe vivo e não pode ser administrada a alguns grupos. Pessoas com o sistema imunológico comprometido por doenças como câncer, HIV e diabetes não podem receber a substância. Em contraste, a nova vacina intranasal contra a covid-19 não usa um vírus vivo capaz de replicação, o que pode representar uma opção mais segura e de ampla utilização.

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Fontes: Medical News Today e Science Daily

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