Estudo em laboratório aponta que aplicação de vacina à base de DNA melhorou resposta imunológica em camundongos
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A tecnologia de vacina com material genético já existe há alguns anos, mas somente começou a ser implementada em larga escala no combate contra a covid-19, como nos imunizantes da Pfizer e da Moderna, que usam RNA mensageiro.
Com um desenvolvimento mais rápido, esses produtos oferecem uma proteção mais eficaz em uma faixa etária maior, por isso são adotadas por cerca de 70 países. No entanto, o RNA se degrada rapidamente quando aplicado no corpo. Por isso, o produto é envolvido em uma gota oleosa para garantir a chegada às células.
Uma alternativa é o uso do DNA, como a ZyCoV-D, que começa a ser aplicada emergencialmente na Índia. A proteína é muito mais estável, barata e fácil de transportar do que o RNA e não exige baixas temperaturas para manter a integridade. Contudo, tem maior dificuldade de ser absorvida pelas células.
Dentro desse cenário, pesquisadores da Universidade Estadual de Nova Jersey, nos Estados Unidos, e do GeneOne Life Science, Inc., na Coreia do Sul, buscaram uma técnica para facilitar a entrada do DNA nas células.
Os métodos atuais usam um pulso elétrico para inserir o DNA nas células, com efeitos colaterais que vão desde contrações musculares e dor até dano aos tecidos. A técnica não pode ser utilizada em pessoas com uso de aparelhos como marcapassos ou implantes de dispositivos elétricos.
Procurando um método mais amplo e menos danoso, resolveram testar uma prática enraizada há séculos na China e no Oriente Médio: o uso de ventosas. O dispositivo promove uma sucção na pele que os médicos acreditam estimular o corpo para a cura, embora as evidências científicas da eficácia sejam limitadas.
Em um novo estudo publicado na Science Advances, os pesquisadores testaram a vacinação e a ventosa em camundongos em testes dentro do laboratório. Um grupo recebeu duas injeções da vacina contra a covid-19 apenas com DNA; outro grupo, uma injeção seguida por uma única sucção; e um grupo final, duas injeções seguidas de duas sucções.
Os níveis de anticorpos estavam entre 2 milhões e 5 milhões de vezes mais altos entre os dois grupos de sucção do que no grupo que recebeu apenas as injeções, os resultados revelaram. Mesmo na aplicação de apenas uma dose da vacina, a resposta imune com ventosa era cerca de 100 vezes maior do que sem a prática.
Os cientistas desconhecem o mecanismo que promove a melhora, mas suspeitam que a sucção expande as camadas da pele, esticando as células para que absorvam mais DNA. Esse método de aumentar a captação do material genético é menos doloroso do que outros métodos e tem menos efeitos colaterais, incluindo nenhum dano ao tecido.
A vacina utilizada no experimento foi desenvolvida pela GeneOne Life Science, Inc. A fase 1 dos estudos clínicos do imunizante à base de DNA, realizado com 45 participantes na Coreia do Sul, indicou resultados positivos, o que motivou a realização da fase 2 em julho de 2021. No início do próximo ano, a fase 3 deverá ser iniciada, e a empresa espera que a autorização para aplicação saia até o final de 2022.
Fonte: Webmd, Science Advances, Revista Fapesp.