Pesquisadores constataram mudanças no sistema imunológico de crianças que indicam a remissão da alergia
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Uma pesquisa apresentou dados essenciais para a compreensão do mecanismo da alergia ao amendoim em crianças, possibilitando o desenvolvimento de novas e mais eficazes formas de tratar uma das alergias alimentares mais comuns.
O estudo foi realizado pelo Murdoch Children’s Research Institute (MCRI) e pelo Telethon Kids Institute e foi publicado no periódico Allergy. Nele, os pesquisadores conseguiram demonstrar que, pela primeira vez, o tratamento proposto foi capaz de desligar a resposta imunológica desencadeada pela ingestão do alimento.
Assim, por meio do mapeamento do grupo de genes envolvidos nesse processo, foi possível observar o religamento de grupos específicos de genes graças a um tratamento combinado de probiótico (PRT120) e de imunoterapia oral, que consiste na ingestão de doses controladas do próprio amendoim.
Os resultados demonstraram a remissão da alergia em 74% das crianças após um período de 18 meses. A equipe de pesquisadores australianos também conseguiu observar, em outro estudo, que tanto o tratamento com a adição de um probiótico à imunoterapia oral quanto um com o consumo apenas do amendoim apresentaram eficácia na remissão do quadro alérgico.
Cerca de metade das crianças pôde voltar a ingerir o alimento após o tratamento, sem restrições. Nesse grupo, a sinalização das células Th2, que geram anticorpos, foi desligada nas crianças que apresentaram a remissão, demonstrando os benefícios para o grupo analisado, indicando uma remissão duradoura. No grupo placebo, apenas 4% das crianças apresentaram melhora.
A ocorrência desse tipo de interação que atua na resposta imunológica de um indivíduo possibilitou a observação e até mesmo a comparação das redes genéticas antes e depois do tratamento. O estudo foi realizado com 62 crianças de Melbourne (Austrália), entre 1 ano e 10 anos de idade, sendo todas alérgicas a amendoim.
Promissor, o estudo mostrou a alergia ao amendoim ser convertida em reversão clínica. Segundo Mimi Tang, pesquisadora-chefe e professora do Murdoch Children, as alterações no sistema imune que poderiam reverter o quadro alérgico eram menos conhecidas até então.
Enquanto pesquisas anteriores se voltaram para a análise dos níveis de expressão gênica e da manifestação dos sintomas, esse estudo explorou a interação entre os genes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as alergias alimentares estão relacionadas a hábitos de consumo e, por sua vez, podem variar de um país para outro. Estima-se que 10% da população dos países desenvolvidos sejam afetados por algum tipo de alergia alimentar, impactando a vida do indivíduo desde a infância.
Além de coceira, erupções cutâneas e inchaço, pode ocasionar sintomas mais graves, o que mostra a relevância de estudos de dessensibilização e que podem oferecer novas formas de tratamento às pessoas.
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Fonte: Science Daily, ONU