Diagnóstico contribui para monitorar o tratamento da doença causada pelo bacilo de Koch
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Um exame de sangue com alta sensibilidade para a tuberculose é o mais novo aliado de médicos para diagnosticar, de forma rápida e eficiente, a doença que matou 1,5 milhão de pessoas em 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desenvolvido pela Escola de Medicina da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, o exame foi apresentado em maio de 2022.
Em geral, os testes para diagnosticar o problema dependem da análise de muco dos pulmões, material de difícil coleta em determinados pacientes. Além disso, os métodos convencionais podem não detectar a doença em pessoas com vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou nas quais a infecção alcança outras partes do corpo.
Para otimizar o diagnóstico, os pesquisadores da instituição norte-americana criaram um exame capaz de rastrear fragmentos de ácido desoxirribonucleico (DNA) da Mycobacterium tuberculosis (MTB), bactéria que causa a tuberculose. O agente infeccioso chega ao organismo pelas vias aéreas superiores e pode se alojar nos pulmões e em outros órgãos.
De acordo com o estudo publicado na revista The Lancet Microbe, o novo método permite monitorar os níveis de DNA do bacilo de Koch (como o patógeno também é conhecido) na corrente sanguínea. Como os alvos do teste são eliminados com frequência, a detecção deles é um indício de infecção ativa.
No ensaio baseado no sistema de Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas (CRISPR), uma das técnicas para a edição genética, liderado pelo professor de Bioquímica e Biologia Molecular, Engenharia Biomédica e Microbiologia, Tony Hu, foram testadas amostras de sangue de 73 pessoas — entre adultos e crianças — da África com suspeita de infecção e seus contatos assintomáticos. Os resultados foram considerados animadores.
O novo teste apresentou 96,4% de eficiência na detecção de casos positivos e 94,1% de precisão na identificação de casos negativos nas amostras adultas. Já entre as infantis, os índices foram de 83,3% e 95,5%, respectivamente.
Também foram testadas 153 amostras de sangue de crianças com HIV hospitalizadas no Quênia e que têm alto risco para a doença. Usando o método, os pesquisadores identificaram os 13 casos confirmados no grupo e 85% dos não confirmados.
“Esse exame pode ser um divisor de águas para o diagnósticos de tuberculose, já que não apenas fornece resultados precisos, mas também tem o potencial de prever a progressão da doença e monitorar o tratamento”, explicou Hu. O autor principal do artigo acredita ser possível reduzir o risco de morte, principalmente no público infantil.
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O teste também permitiu acompanhar o nível de DNA da MTB no sangue das crianças com HIV, o qual começou a diminuir após um mês de tratamento e praticamente desapareceu ao fim da terapia. Dessa forma, ofereceu aos médicos melhores condições de acompanhar os pacientes.
Além disso, o estudo destacou a possibilidade de obter resultados sem a utilização de equipamentos especiais. Adaptado a uma plataforma de teste rápido, o exame de sangue fornece diagnósticos em até 30 minutos, visualizados em uma tira de papel, como nos testes de covid-19.
Os pesquisadores apontam a técnica como uma solução que pode beneficiar milhões de pessoas residentes em regiões com poucos recursos e alta incidência da enfermidade.
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Fontes: ScienceDaily, The Lancet Microbe, Universidade de Tulane