Qual é a influência da conexão social no microbioma intestinal? - Summit Saúde

Qual é a influência da conexão social no microbioma intestinal?

31 de janeiro de 2023 4 mins. de leitura

Pesquisa concluiu que relacionamentos sociais ajudam a melhorar a diversidade do microbioma intestinal

Publicidade

O intestino contém trilhões de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, que formam a microbiota e têm grande influência na saúde, no metabolismo e, inclusive, na proteção contra doenças, quando mantidos em equilíbrio. O conjunto desses micróbios e o material genético deles, assim como a colaboração ou não com o organismo, tem a denominação de microbioma.

Estudos científicos vêm demonstrando a relação do microbioma intestinal com as reações dos sistemas nervoso, imune e endócrino, além da correlação com distúrbios e patologias. A microbiota, portanto, é essencial para a boa saúde e o bom funcionamento do corpo, tendo, entre outras funções, participação na produção de componentes necessários para a renovação celular, como enzimas e vitaminas; no controle do aumento de bactérias patogênicas que causam doenças; e na geração da maior parte da serotonina, conhecida como hormônio da felicidade, que regula o humor.

Relação entre cérebro e intestino

A associação do intestino com o cérebro tem evidências científicas, com análises sugerindo, por exemplo, que a microbiota pode ser diferente em indivíduos depressivos e saudáveis. Os primeiros teriam menos diversidade de microrganismos intestinais e maiores níveis de inflamação.

A associação do intestino com o cérebro tem evidências científicas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Uma pesquisa publicada na revista Frontiers in Microbiology, que envolveu cientistas da Universidade de Oxford (Reino Unido) e da Universidade do Colorado em Boulder (Estados Unidos), concluiu que a conexão social ajuda a melhorar a diversidade do microbioma intestinal. O estudo foi desenvolvido com um grupo de macacos rhesus, composto de 22 machos e 16 fêmeas com idades entre 6 anos e 20 anos.

Foram coletadas, entre 2012 e 2013, 50 amostras de fezes não contaminadas dos primatas e usado como medida de conexão social o período que cada um passou limpando os próprios pelos ou de parceiros, além do número de companheiros de limpeza. A higiene, de acordo com os pesquisadores, é a principal maneira de esses animais se relacionarem, sendo um bom parâmetro de interações sociais.

A investigação da diversidade e de como era composto o microbioma intestinal dos bichos foi feita por meio de análises de sequenciamento de DNA. Também foram considerados dados como idade, gênero e hierarquia no grupo. O resultado foi que a conexão ajudou a diminuir a abundância de bactérias causadoras de doenças em macacos mais sociáveis. Contrariamente, nos menos sociáveis foram mais numerosas aquelas que provocam males como faringite estreptocócica e pneumonia em humanos.

Para a principal pesquisadora no estudo, Katerina Johnson, da mesma forma que o comportamento tem influência sobre o microbioma intestinal, ele pode afetar o cérebro e o comportamento do indivíduo.

Como manter a microbiota em equilíbrio?

A microbiota começa a ser formada após o nascimento e se estabiliza gradualmente nos primeiros três anos, atingindo maior complexidade na fase adulta. Já foi demonstrado que a manutenção da diversidade dos microrganismos que povoam o intestino, assim como da composição deles, também tem estreita relação com a senilidade, sendo importante o equilíbrio para a manutenção da saúde e a longevidade.

A manutenção da diversidade de microrganismos no intestino começa com os alimentos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A diversidade começa com a dieta, pois o que se come fornece energia para os microrganismos. É indicado, então, o consumo de alimentos fermentados, como iogurte e chucrute, que contêm bactérias saudáveis. Vegetais, frutas, legumes e oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas) podem ajudar na redução dos níveis de bactérias causadoras de doenças. Já adoçantes artificiais e alimentos ultraprocessados precisam ser evitados. Antibióticos devem ser usados somente quando necessários para tratar infecções, pois também podem atingir bactérias boas.

Fonte: Frontiers in Microbiology, Forbes, BiomeHub, Longevidade Saudável

Webstories