Estudo aponta que uso de aparelhos auditivos está associado à diminuição de 19% no risco de demência
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O uso de dispositivos para restauração auditiva, como aparelhos auditivos e implantes cocleares, foi associado à diminuição do risco de demência e declínio cognitivo. A conclusão é de um estudo publicado em dezembro de 2022 no JAMA Neurology, periódico da Associação Médica Americana.
Os pesquisadores combinaram os resultados de oito estudos sobre o tema envolvendo quase 127 mil pessoas e cujos registros indicam que o uso de tais dispositivos está relacionado à diminuição de 19% no risco de declínio cognitivo no longo prazo. Além disso, a partir da análise de 11 pesquisas com 568 participantes, cientistas identificaram melhora de 3% no desempenho cognitivo em testes no curto prazo em relação a pessoas que não utilizam dispositivos desse tipo.
Estudos anteriores já haviam mostrado que problemas auditivos estavam associados a maior risco de demência, já que a perda da habilidade de receber estímulos auditivos que permitem interagir com o ambiente pode levar à atrofia mais rápida do cérebro. Também pode ser que o interesse da pessoa por interações sociais diminua, visto que há maior dificuldade para engajar em conversas, o que contribui para o isolamento social e também aumenta o risco de demência.
Outra possível consequência da perda auditiva é a maior dificuldade na locomoção. Uma série de estímulos sutis do ambiente ajuda a manter o equilíbrio; se eles não são recebidos, o cérebro trabalha mais para processar sons. Com várias tarefas sendo feitas de forma subconsciente, pode ser mais difícil se deslocar de forma segura.
Os dispositivos de restauração da audição, como aparelhos auditivos e implantes cocleares, fazem que o cérebro continue recebendo tais estímulos, potencialmente reduzindo o risco de declínio cognitivo.
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Com os avanços da tecnologia, há cada vez mais possibilidades para restaurar a audição. Implantes cocleares e aparelhos auditivos hoje são menores e menos perceptíveis, e clínicas e médicos comumente permitem o teste de modelos variados para o paciente sentir qual modelo se adapta melhor.
O aparelho auditivo capta o som por um microfone e o amplifica. Há dois tipos básicos: um inserido na orelha e outro posicionado atrás dela. Há diferentes cores para que se assemelhem ao tom de pele do paciente, além da possibilidade de diferentes designs. Comumente, funcionam com baterias recarregáveis ou descartáveis.
Em casos de maior severidade, o implante coclear pode ser a melhor possibilidade. Uma parte interna é implantada cirurgicamente, e há uma parte externa que fica acima da orelha ou atrás da cabeça. O implante estimula o nervo auditivo diretamente em vez de amplificar o som como nos aparelhos auditivos.
Outra possibilidade são as próteses de condução óssea, também implantadas cirurgicamente, que permitem a condução do estímulo pelo osso do crânio até a cóclea. São ideais para alguns casos, como de má-formação no ouvido ou otite de ouvido externo.
Fonte: JAMA Neurology, Jornal da USP, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Johns Hopkins Medicine, Healthy Hearing, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)