VSR: aprovada inclusão de vacina e anticorpo no SUS - Summit Saúde

VSR: aprovada inclusão de vacina e anticorpo no SUS

14 de fevereiro de 2025 6 mins. de leitura

Vírus sincicial respiratório é uma das principais causas de bronquiolite e pneumonia em crianças menores de 2 anos Por Gabriel Damasceno – editada por Mariana Collini em 14/02/2025  A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou nesta quinta-feira, 13, duas alternativas para proteger bebês de infecções pelo vírus sincicial […]

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Vírus sincicial respiratório é uma das principais causas de bronquiolite e pneumonia em crianças menores de 2 anos

Por Gabriel Damasceno – editada por Mariana Collini em 14/02/2025 

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou nesta quinta-feira, 13, duas alternativas para proteger bebês de infecções pelo vírus sincicial respiratório (VSR), maior causa de hospitalizações em crianças de até 1 ano e responsável por 60 a 80% dos quadros de bronquiolite e pneumonia na população de até 2 anos.

As tecnologias aprovadas são a vacina Abrysvo, da Pfizer, e o anticorpo monoclonal Beyfortus (Nirsevimabe), da Sanofi.

Com a aprovação, o assunto segue para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), que irá publicar a decisão final no Diário Oficial da União. Ainda não há uma data para a divulgação no DOU e para o início da distribuição nas unidades de saúde.

A vacina da Pfizer é aplicada em grávidas com 24 a 36 semanas de gestação. Com a aplicação na mãe, o bebê nasce protegido e permanece com anticorpos contra o vírus até os seis meses de idade.

O produto da Sanofi, por sua vez, é aplicado em recém-nascidos e crianças até 24 meses. No SUS, ele estará disponível para bebês prematuros ou com comorbidades.

Impactos

Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), destaca alguns dos efeitos da decisão. Para ela, a redução das internações representará uma economia significativa para o governo, além de evitar superlotação em hospitais. Isso trará a possibilidade de oferecer um atendimento melhor para outras doenças.

Guillaume Pierart, diretor geral de vacinas da Sanofi, também ressalta a redução na demanda por recursos do sistema de saúde com a nova forma de enfrentar o VSR no País. “É um grande passo para a saúde pediátrica no Brasil — o primeiro para a construção de uma verdadeira mudança de paradigma. Tanto dados dos estudos clínicos como resultados de vida real que vemos em países que já o utilizam trazem evidências robustas desse potencial”.

Na mesma linha, Adriana Ribeiro, ginecologista e diretora médica da Pfizer, prevê um grande impacto positivo. “Hoje, 70% dos óbitos (por VSR) ocorrem em bebês saudáveis. Com a vacina, esses bebês já nascem protegidos, evitando hospitalizações e óbitos”.

“O vírus é a principal causa de morte em bebês e é altamente contagioso. Estima-se que ele seja responsável por 66 mil a 199 mil mortes por ano em menores de 5 anos no mundo. Protegendo esses bebês, reduzimos o impacto no sistema de saúde, que sofre com a saturação de UTIs pediátricas durante os picos da doença”, acrescenta.

Como os imunizantes funcionam?

O Nirsevimabe é um imunizante, mas não é uma vacina. Trata-se de um anticorpo monoclonal “pronto”, que oferece imunização com efeito imediato, sem requerer a ativação do sistema imunológico para a criação dos anticorpos, como nas vacinas.

“Existem duas formas de imunizar um indivíduo”, diz Aline Tolardo, líder médica da Sanofi para VSR e influenza. “O que chamamos de imunização ativa, que é a vacina, e a imunização passiva, que é o anticorpo monoclonal”.

“Quando você dá uma vacina para alguém, ela ‘acorda’ o sistema imunológico daquela pessoa para que ele produza os anticorpos. No caso do Nirsevimabe, o anticorpo monoclonal, a pessoa já recebe o anticorpo pronto, não precisa produzir”, detalha.

No Chile, onde o imunizante foi ofertado de forma universal e gratuita para os bebês, houve uma redução de 95% no número de hospitalizações em 2024, em comparação com 2023, segundo dados do NirseCL, estudo feito pelo Ministério da Saúde chileno em parceria com outras instituições.

O Nirsevimabe também foi aprovado por órgãos regulatórios da União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos, China, Japão, Argentina, Canadá, Austrália e Suíça, entre outros.

Já o imunizante da Pfizer é uma vacina proteica recombinante. “Ela produz uma substância que é semelhante à do vírus, mas não é o vírus em si”, afirma Adriana. “Quando damos essa vacina para a gestante, essa substância semelhante à da superfície do vírus faz com que a mãe produza anticorpos. Esses anticorpos são passados para o bebê e ele já nasce com proteção”, explica.

A vacina já está disponível no sistema público de saúde da Argentina e do Uruguai.

O que é o VSR?

De acordo com Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o vírus é um dos principais causadores de bronquiolite, uma infecção viral aguda que afeta os bronquíolos, pequenas ramificações nos pulmões.

No início, o vírus pode causar sintomas parecidos com um resfriado comum, com tosse, dor de cabeça e coriza. “Depois, ele gradativamente vai para o pulmão, para as vias áreas inferiores, e começa a causar sintomas respiratórios mais complicados, como a bronquiolite”, explica.

A doença causa inflamação e acúmulo de muco, o que dificulta a respiração. À medida que ela progride, outros sintomas são respiração rápida, chiado no peito e intensificação da tosse. “A doença pode levar à insuficiência respiratória e até ao óbito”, afirma Otsuka.

Além de estar associada a quadros de bronquiolite e pneumonia em crianças, a infecção pelo VSR também afeta outras faixas etárias. De acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o vírus causa cerca de 60 mil a 160 mil hospitalizações e de 6 mil a 10 mil mortes por ano em pessoas com 65 anos ou mais.

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Foto : GattyImages

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