Embora o alumínio não faça mal à saúde, ele altera o nível de chumbo, que pode ser prejudicial quando ingerido
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A presença de alumínio na água potável, distribuída nas torneiras das casas pela rede pública, é comum, uma vez que esse é um dos produtos químicos usados no tratamento dessa substância. Contudo, uma pesquisa realizada pela Universidade de Washington em St. Louis (Estados Unidos), descobriu que o alumínio pode causar uma reação com o chumbo presente nas tubulações, liberando esse elemento na água. A alta presença de chumbo na água potável pode causar problemas de saúde para quem consumi-la.
Como explica o professor Daniel Giammar, que coordenou o trabalho realizado por Guiwei Li, um estudante de intercâmbio da China, “muitas das tubulações de água municipais são feitas de chumbo, com pequenos pedaços que se soltam dos canos.
Enquanto esses pedaços permanecem insolúveis, o chumbo não contamina a água e não oferece perigo para quem a consome. Por isso, o objetivo da pesquisa era entender se a reação com o alumínio poderia fazer com que as partículas de chumbo se dissolvessem e entrassem na água, sendo transmitidas até as torneiras das casas. Da mesma maneira, tão importante quanto isso, era descobrir se os níveis de chumbo são prejudiciais à saúde”.
A conclusão do estudo realizado em St. Louis foi de que o alumínio utilizado no tratamento da água potável faz com que partículas de chumbo se dissolvam e afetem o nível desse metal pesado no líquido que chega às casas. Mais precisamente, 100 microgramas de chumbo por litro, um nível 10 vezes maior do que o recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil, que limita a concentração em 10 microgramas por litro.
Como explica um artigo publicado pelo Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ), o chumbo não apresenta nenhuma função positiva no corpo humano, sendo bastante danoso quando ingerido de forma indevida.
Entre as principais consequências da ingestão do chumbo estão:
Altos níveis de chumbo no organismo também estão associados ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer.
O chumbo é especialmente prejudicial às crianças, podendo afetá-las em seu desenvolvimento, diminuindo a sua capacidade de aprendizagem e causando modificações no comportamento (apresentando agressividade). Esse metal pode atingir até mesmo os bebês em gestação, causando alterações no sistema nervoso, por exemplo.
Já o alumínio, por sua vez, não causa danos à saúde e poderia continuar presente na água normalmente. O problema, nesse caso, são suas reações com o chumbo. É justamente para diminuir a contaminação por esse metal pesado que as legislações de diversos países limitam a quantidade de chumbo em tintas, por exemplo.
As experiências feitas por Li e coordenadas pelo professor Giammar consistiam em jarras de água com um pedaço de chumbo dentro. Nelas, foi derramada uma quantidade de alumínio semelhante a presente na água que circula pelos canos. Dessa maneira, os cientistas observaram que o índice de 100 microgramas de chumbo por litro estavam dissolvidos na água, e não mais nos pedaços de chumbo.
Para efeito de comparação, os pesquisadores também colocaram fosfato (outra substância usada em alguns sistemas para tratamento da água) junto ao chumbo em outro jarro com água. Nesse ambiente, a concentração do metal pesado ficou em menos de 1 micrograma por litro. Em um terceiro jarro, foram adicionados ambos os elementos (alumínio e fosfato), resultando em uma concentração de 10 microgramas de chumbo por litro de água. Dessa forma, por mais que se trate de mais chumbo do que existiria sem a reação com o alumínio, a concentração ainda está dentro dos limites considerados seguros para a saúde.
Para continuar sua pesquisa, a equipe de Giammar pretende fazer testes com tubulações reais de chumbo para entender como o alumínio e o fosfato reagem com esse metal.
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Fonte: Science Daily, Scielo.BR e Cetesb.