“Com essa descoberta, pode ser muito mais fácil criar remédios eficazes para controlar a dor”, afirmam pesquisadores
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Um time de pesquisadores da Universidade Duke (na Carolina do Norte, Estados Unidos), descobriu um ponto no cérebro de ratos capaz de “desligar” as sensações de dor nos animais. Segundo um relatório publicado pelo jornal científico norte-americano Science Daily, esse ponto fica em uma área inesperada para o controle da dor: a amídala — geralmente associada às emoções e à ansiedade.
A expectativa é que a pesquisa ajude na criação de novos remédios para a dor, principalmente para doenças que envolvem dor crônica.
Fan Wang, coordenadora da pesquisa, explica que enquanto os estudos anteriores focavam em regiões que processam a dor e são desativadas com remédios anestésicos, eles optaram pelo caminho contrário e buscaram regiões que são ativadas por esses medicamentos.
Em 2019, por exemplo, a equipe da pesquisadora já havia descoberto que as anestesias gerais fazem dormir ao ativar o núcleo supraóptico do cérebro, localizado no hipotálamo. A partir dessa descoberta, desenrolou-se a nova pesquisa, que mapeou o ponto exato onde a dor é desligada.
Isso porque, nas experiências de 2019, a equipe de Wang percebeu que as anestesias gerais também ativavam um pequeno conjunto de neurônios inibidores da dor, próximos à amídala central. Esses neurônios foram batizados de “neurônios CeAga” pela equipe — “CeA” corresponde à localização deles na amídala central, e “ga” é uma sigla (em inglês) para a anestesia geral que ativa a região.
Em uma fase posterior do estudo, os especialistas aplicaram estímulos leves de dor nos ratos, para mapear todas as regiões relacionadas com a dor e a relação delas com os neurônios CeAga. A descoberta foi interessante: pelo menos 16 pontos, entre aqueles que processam aspectos sensoriais e emocionais da dor, estavam recebendo também estímulos inibitórios dos neurônios CeAga.
Mais interessante ainda é avaliar que os ratos pararam suas respostas de dor — como lamber as patas ou esfregá-las no rosto, por exemplo — quando esse ponto do cérebro foi ativado. “É muito drástico. Eles simplesmente pararam de lamber e se esfregar, na hora”, afirmou Wang ao jornal científico Science Daily. Quando os cientistas paravam a ativação dos neurônios CeAga, é como se os ratos voltassem a sentir dor instantaneamente. Na pesquisa, a equipe de Wang também descobriu que a cetamina ativa essa região do cérebro e que isso é essencial para os efeitos anestésicos desse remédio.
Dessa maneira, a intenção dos pesquisadores é encontrar novas drogas que ativem apenas os neurônios CeAga, funcionando como anestésicos ou analgésicos muito mais eficientes para os humanos. Afinal, de acordo com a coordenadora, por mais que a amídala dos ratos seja maior do que a dos humanos, não há razão para acreditar que nós não tenhamos um ponto parecido com os neurônios CeAga para controlar a dor. Dessa maneira, em vez de desativar várias áreas do cérebro para reprimir a dor, seria possível desligá-la de forma muito mais simples, apenas ativando esses neurônios.
“A dor é uma resposta cerebral complicada. Envolve discriminações sensoriais, emocionais e autônomas. É muito difícil tratar a dor desativando todos esses processos, em tantas áreas. Porém, ativar apenas um ponto-chave, que envia naturalmente sinais inibitórios para essas regiões que processam a dor, seria mais robusto”, resume Wang.
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Fonte: Science Daily.